Génese
Constava assim...
Muito silenciosamente.
Para que nem sequer vislumbre atrapalha-se um já rumor.
Dizia-se em sorriso...
Adormecia guerras na mansidão de um tempo novo...
Verde, mergulhado, amniótico.
O Prelúdio do sentir, era então beleza em nome...
Superlativo, incógnito.
Qual Geribéria do Transval em gestação cálida, inflame.
E assim passava o tempo do tempo...
Incólume, absoluto, só.
As tardes consagravam afagos nos recônditos da alma.
Despertava o querer felino na fusão umbilical...
Em suspensão, perplexa, universal.
O ciclo era já findo e o pêndulo rendilhava férteis, as horas em tremor.
Distraída, a inquietude, multiplicava infinita a conclusão dos afectos...
Prenuncio de amor eterno na magia das entranhas.
A vigília era uma noite que rebentaria em águas quentes...
Adivinhação do erudito, primitiva dor animal,
que é a metamorfose em brilho dos casulos encantados.
Brotara ensanguentada de um ventre vulcânico como lava a fundir.
Uma força que era selvagem, cristalina e dedicada de leoa a rugir...
No crepúsculo de uma lágrima a madrugada embruteceu.
Mudou as alvoradas e esfaqueou a cor do céu.
Gritos fundos respiravam suaves modos maternos,
Uma força infindável reluzia nos olhos ternos ...
E quando o peito descontraiu da ânsia que o apertava
A vida então nasceu...
Era poesia
e chorava!
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Comments
Re: Génese
LINDO POEMA, GOSTEI MUITO!>
MAIS UM CICLO DA POESIA VIDA, QUE SE COMPLETA E QUE DISSERTAS COM MAGNÍFICA PERFEIÇÃO!
Meus parabéns, Poeta!
Marne
Re: Génese
Emocionante. Envolvente, sem ser explícito envolve a gente nos meandros do nascimento, entendi como um ondulante trabalho de parto poético. Linda descrição do processo criativo.
Muito bom.
Grande abraço, bem vindo ao meu universo poético, adorei como nasceste para mim, tentarei te acompanhar. Beijos, tua poesia tem algo de especial, não é usual.
Re: Génese
Lindo poema.
Gostei muito.
Um abraço,
REF
Re: Génese
A vida então nasceu...
Era poesia
e chorava!
E gritava, ardia, e encantava, como este seu poema! Abraços