a brasa e o momento minuncioso
não é soez a carne que a língua toca
a cada investida, um novo sabor se afirma,
cintila na alma que o corpo todo aloca
o pensamento provecto que resgata a intenção
da sede tácita que não mais se estima
de quem não mais sabe dizer não...
e que a si em favor do desejo sufoca...
liquefaço-me em picaresca voluptuosidade
na perspícua unidade da tua entrega
a ti perante, em doma, reafirmo o teu instinto
a parte animal que teu corpo não renega
que entre as mãos prende-me na intermitente insaciabilidade
e com as ofegantes intenções do teu olhar faminto
meu dorso não se retrai, porque minha alma nada te nega...
e nos pungentes momentos em que meu corpo te derrota
tu me devoras mais que qualquer palavra impressa
a breve carne, todavia, antecede o limiar poético:
sem teus lábios em meu peito, o verso não regressa
sem o momento vivido, todo sentido se esgota
sem teus gemidos, o poema é mero adorno imagético
mas é na eternidade da escrita que a lascívia se confessa...
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Comments
Re: a brasa e o momento minuncioso
olha, lindissimo, belo e para construir
favoritos!
Re: a brasa e o momento minuncioso
Quente é o momento.
o pensamento provecto que resgata a intenção
da sede tácita que não mais se estima
de quem não mais sabe dizer não...
e que a si em favor do desejo sufoca...
Belo poema.
Abraço
Nuno
Re: a brasa e o momento minuncioso
O erotismo aliado à fantasia, resulta em boa poesia! :-)
Re: a brasa e o momento minuncioso
LINDÍSSIMO POEMA, GOSTEI MUITO!
sem teus gemidos, o poema é mero adorno imagético
mas é na eternidade da escrita que a lascívia se confessa...
Meus parabéns,
Marne