a brasa e o momento minuncioso

não é soez a carne que a língua toca

a cada investida, um novo sabor se afirma,

cintila na alma que o corpo todo aloca

o pensamento provecto que resgata a intenção

da sede tácita que não mais se estima

de quem não mais sabe dizer não...

e que a si em favor do desejo sufoca...

liquefaço-me em picaresca voluptuosidade

na perspícua unidade da tua entrega

a ti perante, em doma, reafirmo o teu instinto

a parte animal que teu corpo não renega

que entre as mãos prende-me na intermitente insaciabilidade

e com as ofegantes intenções do teu olhar faminto

meu dorso não se retrai, porque minha alma nada te nega...

e nos pungentes momentos em que meu corpo te derrota

tu me devoras mais que qualquer palavra impressa

a breve carne, todavia, antecede o limiar poético:

sem teus lábios em meu peito, o verso não regressa

sem o momento vivido, todo sentido se esgota

sem teus gemidos, o poema é mero adorno imagético

mas é na eternidade da escrita que a lascívia se confessa...

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Wednesday, March 3, 2010 - 07:43

Poesia :

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Daisy_Lee82

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Comments

Mefistus's picture

Re: a brasa e o momento minuncioso

olha, lindissimo, belo e para construir

favoritos!

nunomarques's picture

Re: a brasa e o momento minuncioso

Quente é o momento.

o pensamento provecto que resgata a intenção

da sede tácita que não mais se estima

de quem não mais sabe dizer não...

e que a si em favor do desejo sufoca...

Belo poema.

Abraço
Nuno

Henrique's picture

Re: a brasa e o momento minuncioso

O erotismo aliado à fantasia, resulta em boa poesia! :-)

MarneDulinski's picture

Re: a brasa e o momento minuncioso

LINDÍSSIMO POEMA, GOSTEI MUITO!

sem teus gemidos, o poema é mero adorno imagético

mas é na eternidade da escrita que a lascívia se confessa...

Meus parabéns,
Marne

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