Rebentação

Ninguém sabe onde começa,
de onde surge a sua força
aproxima-se crescendo
enrola-se, poderosa,
e engole a fraqueza alheia
num arrastão violento
embatendo nos rochedos
e num momento sublime,
lança-se desajeitada,
corre solta e apressada
ao encontro do destino
que prometeu a si mesma,
fugir do Adamastor,
que a retém prisioneira
naufragando em alto mar

E na miragem de um sonho
é onda com coração,
qual princesa em aflição,
que chega à praia em delírio,
em doce rebentação.