Colar boca a boca - Soltar boca da boca
Fecham-se as portas
E mundos estreitos tilintam luzentes
Letras de veementes vidas que morrem,
Mortes que vivem...
Psiu!
Espumas dizem bolhas em bocas brancas
Explodem em vapores refrescantes.
Limpamos o gosto salgado do choro
Da mancha, manchamos sentidos.
Tocam-se dedos de insultos...
Suor soa e sua cansaço.
Tem angústia tentando arrombar trincas
Mais uma vez há tentativa de sobrevivência
Põe-se sentido nas vozes, expressões e olhares,
Mas de repente o silêncio volta ao nada
Sons repetem gestos e visões
Manhãs são portões
Que prendem no passado o que foi:
E ainda pensar nas coisas contrárias...
Nas tardes que são mãos
E que matam manhãs envelhecidas.
Delícias de toques brincam com pensamentos
Que no fim mudam de temperamento
Tornando-se o carrasco do capuz da maldade
Torturando feridas já tapadas
Que enfim... sempre abrem-se
Os joelhos não obedecem pernas
Nem pernas obedecem medulas
Qual nome ainda é nome?
Qual ser ainda é ser...
Se somos línguas corridas em vozes fugidias?
Qual verdade ainda é verdade?
Qual desejo ainda é desejo...
Se enxergamos o que sonhamos?
E sonhamos!
E somente sobressaltamos
A vontade de ainda não ser
O que somos.
Submited by
Poesia :
- Login to post comments
- 1187 reads
Add comment
other contents of Alcantra
Topic | Title | Replies | Views |
Last Post![]() |
Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Intervention | Água Purpurina | 2 | 1.033 | 11/15/2009 - 22:06 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | Olhos apagados | 4 | 1.074 | 11/15/2009 - 13:32 | Portuguese | |
Prosas/Mistério | Captura | 2 | 2.359 | 11/13/2009 - 15:50 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Voga | 4 | 848 | 11/07/2009 - 21:34 | Portuguese | |
Poesia/General | Fios cerebrais | 5 | 1.332 | 11/07/2009 - 13:41 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Fracassos da era | 3 | 1.609 | 10/30/2009 - 04:46 | Portuguese | |
Poesia/Disillusion | Uma noite na morte | 4 | 1.081 | 10/29/2009 - 01:48 | Portuguese | |
Poesia/Comedy | Atol | 4 | 1.888 | 10/29/2009 - 00:26 | Portuguese | |
Poesia/General | Desmaterializada Seiva | 2 | 1.654 | 10/28/2009 - 20:35 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | O disfarce das jaulas | 4 | 2.003 | 10/28/2009 - 20:26 | Portuguese | |
Poesia/General | Novo eco | 4 | 1.637 | 10/28/2009 - 20:21 | Portuguese | |
Poesia/General | Chão em chamas | 4 | 1.445 | 10/28/2009 - 20:18 | Portuguese | |
Poesia/Gothic | Fluir isto... | 4 | 1.352 | 10/24/2009 - 03:38 | Portuguese | |
Poesia/Sadness | Dor de rapariga | 3 | 1.584 | 10/17/2009 - 11:57 | Portuguese | |
Poesia/General | Sem nome | 5 | 1.239 | 08/29/2009 - 04:57 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | Simplesmente Ela | 5 | 1.155 | 08/27/2009 - 00:10 | Portuguese | |
Poesia/Fantasy | Luz do encanto | 3 | 1.412 | 08/26/2009 - 04:39 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | Entranhas da Contemporaneidade | 6 | 2.017 | 08/25/2009 - 00:03 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | Pretty Child | 2 | 1.210 | 08/22/2009 - 21:49 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | O Absinto | 5 | 1.610 | 08/21/2009 - 16:25 | Portuguese | |
Poesia/Sadness | Perguntas | 10 | 1.254 | 08/21/2009 - 16:19 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | Chroma-key | 4 | 1.217 | 08/21/2009 - 16:17 | Portuguese | |
Poesia/General | Prisão urbana | 8 | 1.131 | 08/21/2009 - 16:13 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | Pessoa | 6 | 1.420 | 08/13/2009 - 13:59 | Portuguese | |
Poesia/General | Dias áridos | 2 | 870 | 08/08/2009 - 06:01 | Portuguese |
Comments
Re: Colar boca a boca - Soltar boca da boca
Qual verdade ainda é verdade?
Qual desejo ainda é desejo...
Se enxergamos o que sonhamos?
E sonhamos!
E somente sobressaltamos
A vontade de ainda não ser
O que somos.
Como sempre os teus poemas, são para ir lendo e relendo devagar. Sentir que caimos em cada passagem e já nada resta quando levantamos os olhos para o céu. Se ao menos um registo ficasse, um nome para contar a história, aí seríamos a bem aventurança, ao encontro do que nos gerou e criou e não andaríamos às voltas sem saber quem somos. Tudo muda e nessa mudança em vez de nos encontrarmos, afastamo-nos cada vez mais.
Os teus poemas são muito mais do que o que se lê, representam a força, o pulsar da vida que há em ti e eu adoro ler-te,
Beijos
Matilde D'Ônix
Re: Colar boca a boca - Soltar boca da boca
Alcantra :-)
Fantástico, poema.
Muito bom mesmo!!!
Abraço-luz...
mm
Re: Colar boca a boca - Soltar boca da boca
Delícias de toques brincam com pensamentos
Que no fim mudam de temperamento
Tornando-se o carrasco do capuz da maldade
Torturando feridas já tapadas
Que enfim... sempre abrem-se...
Mais um excelente poema que encontro no WAF!
:-)