FATALISMO - Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético

FATALISMO - Do Latim “FATALIS”, de “FATUM” = Destino. É a Corrente filosófica que afirma serem todos os acontecimentos do Universo – principalmente os da Vida Humana – obedientes ao Destino. Acontecem por serem absolutamente necessários e em conformidade com normas pré escritas no chamado “Livro do Destino”, não havendo espaço para a inteligência e para a Iniciativa do Homem. Recorte – na Mitologia Grega o deus “Destino” é superior até mesmo a Zeus; e de suas determinações nem as divindades escapam. Essa idéia, certamente, permeia algumas noções que ainda hoje vigoram como o Deus infalível, as Leis da Natureza etc. Se olhada com bons olhos, essa Doutrina talvez tenha sido feita como uma metáfora da inexorabilidade das Leis da Natureza que, ao cabo, obrigam todos os SERES a viverem com forme seus ditames. Em termo jocoso e de gosto duvidoso, costuma-se dizer que mesmo o mais poderoso dos Homens tem que ir ao banheiro quando a Natureza exige e essa condição o iguala ao mais humilde dos viventes. Por outro lado, ela compartilha (como fonte ou como derivação) das idéias de Santo Agostinho e de seus seguidores na Escolástica (tendência filosófica medieval) sobre a “Graça Divina”; ou seja, não importam os atos e as intenções dos Homes, pois eles só serão salvos pela “Graça” ou pela Vontade de Deus. É certo que foi útil na época de sua criação para demonstrar (sic) o “Poder de Deus”, Absoluto e onipotente. Contudo, por rejeitar a importância e até mesmo a validade da ação humana, transformando os Homens em meros fantoches, foi uma Doutrina que recebeu severas criticas em todas as ocasiões. Ainda assim, seu centro, foi utilizado por vários Pensadores, dentre os quais pode-se citar ORTEGA Y GASSET (1883/1955 – Espanha) que em resumo de sua Filosofia, o Perspectivismo*, proferiu a célebre frase: sou eu e minhas circunstâncias; ou seja, o Individuo e suas idiossincrasias formadas pela imposição (ou fatalismo) da Natureza. O Individuo tal como foi definido pelo Destino. É oportuno registrarmos que não se deve pensar que o termo “Fatalismo” tem alguma relação com a Lei da Causalidade (Causa e Efeito), pois o Destino não é o resultado, o efeito de alguma Causa. Ao contrário, é ele quem determina as Causas e os Efeitos de um individuo ou grupo. Causas e Efeitos que estarão associadas apenas ao fenômeno (à superfície) e nunca à Essência. Alguns sábios fazem uma interpretação mais suave sobre a questão da Fatalidade, do Destino. Apresentam-nos como Relativos ou apenas como Orientadores dos rumos a serem seguidos. SÊNECA (4 aC./65 dC. – Roma), por exemplo, dizia: os astros guiam aqueles que lhes fazem confiança (ie., aqueles que merecem confiança), mas puxam os outros pelos cabelos. Os astrólogos ressalvam: os Astros conduzem, mas não obrigam. O certo é que o Fatalismo é tudo aquilo que pressiona o Individuo ou o grupo e não pode ser alterado. A morte é o melhor exemplo disso.

Submited by

Saturday, February 13, 2010 - 20:11

Prosas :

No votes yet

fabiovillela

fabiovillela's picture
Offline
Title: Moderador Poesia
Last seen: 8 years 36 weeks ago
Joined: 05/07/2009
Posts:
Points: 6158

Comments

RobertoEstevesdaFonseca's picture

Re: Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético

Parabéns pelo belo texto.

Gostei.

Um abraço,
Roberto

Add comment

Login to post comments

other contents of fabiovillela

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia/Love Ausentes 0 3.106 01/05/2015 - 01:04 Portuguese
Poesia/Love O Gim e o Adeus (2015) 0 3.761 12/31/2014 - 15:02 Portuguese
Prosas/Others Descartes e o Racionalismo - Parte XII - A Metafísica 0 7.263 12/29/2014 - 20:06 Portuguese
Poesia/General Gauche 0 3.175 12/26/2014 - 19:50 Portuguese
Prosas/Others Descartes e o Racionalismo - Parte XI - O Método 0 6.403 12/24/2014 - 21:01 Portuguese
Prosas/Others Descartes e o Racionalismo - Parte X - A Geometria Analitica 0 7.616 12/24/2014 - 20:57 Portuguese
Poesia/Love Quietude 0 2.263 12/21/2014 - 22:03 Portuguese
Prosas/Others Descartes e o Racionalismo - Parte IX - O primeiro filósofo moderno - Cogito Ergo Sun 0 5.427 12/20/2014 - 21:29 Portuguese
Prosas/Others Descartes e o Racionalismo - Parte VIII - A época e o ideário básico 0 6.670 12/20/2014 - 21:25 Portuguese
Prosas/Contos Farol de Xenon 0 4.782 12/20/2014 - 01:40 Portuguese
Prosas/Others Descartes e o Racionalismo - Parte VII - Notas Biográficas 0 9.335 12/19/2014 - 13:56 Portuguese
Poesia/Meditation Sombras 0 3.985 12/18/2014 - 00:21 Portuguese
Prosas/Others Descartes e o Racionalismo - Parte VI - Preâmbulo e índice de obras 0 4.589 12/17/2014 - 14:07 Portuguese
Prosas/Drama Nini e a Valsa 0 6.082 12/17/2014 - 01:56 Portuguese
Poesia/Love As brisas e as rendas 0 3.275 12/15/2014 - 22:08 Portuguese
Prosas/Others Descartes e o Racionalismo - os Tipos de Razão Filosófica 0 6.444 12/13/2014 - 19:53 Portuguese
Poesia/Love Desencontros 0 3.385 12/10/2014 - 20:41 Portuguese
Poesia/Love Navegante 0 3.616 12/05/2014 - 01:21 Portuguese
Poesia/Love Evoé 0 3.824 12/03/2014 - 01:17 Portuguese
Prosas/Others Descartes e o Racionalismo - Parte IV - o Racionalismo 0 8.754 12/01/2014 - 15:21 Portuguese
Poesia/Love A Face 0 3.154 11/30/2014 - 00:20 Portuguese
Prosas/Others Descartes e o Racionalismo - Parte III - o Racionalismo - continuação 0 12.350 11/27/2014 - 15:33 Portuguese
Prosas/Others Descartes e o Racionalismo - Parte II - o Racionalismo 0 4.735 11/26/2014 - 15:03 Portuguese
Poesia/Love A Dança 0 2.210 11/23/2014 - 19:28 Portuguese
Prosas/Others Descartes e o Racionalismo - Preâmbulo (Apêndice: a Razão) 0 6.822 11/22/2014 - 21:56 Portuguese