UM DIA CONTADO
6:00 AM:
Acordei no bom dia dado pelo sol em tons de alvorada primaveril, sim, todos os meus dias são de primavera.
Não foi com o cantar do galo porque na véspera foi jantado.
6:30 AM:
Abandonei a cama num adeus breve, em difícil e preguiçosa despedida.
Ai que saudades daquela cama, feita de amor e revestida de paixão.
7:00 AM:
Tomei o pequeno-almoço na companhia do chilrear dos passarinhos em festa nos seus ninhos, até parecia que sabiam que eu os escutava.
Mas como acordo feliz e a assobiar, talvez eles pensassem que cantava para eles.
8:00 AM:
Passeei pelo prado verde que me dava colo, para mais um dia aproveitado como se fosse o último.
Bem, um dia será o último.
9:00 AM:
Pairei sobre as montanhas que me acenavam do mesmo lugar, ali paradas vão comigo para todo o lado que vá.
Cumprimentei-as lá espelhadas no lago que não se deixava olhar, pois de tão calmo ser, se o olhar por muito tempo tornava-me peixinho do seu profundo silêncio.
Aquele lago é uma espécie de oásis no meu ser.
Gostava de ser sepultado lá.
10:00 AM:
O sol passeava-se pelo azul do céu, um azul infinito que me recebia no seu templo com todos os meus sonhos, assim como eu respirava a frescura das flores à minha volta a brincarem com o vento, como se crianças fossem, estavam inocentes sem que me incomodassem o prazer de as observar.
Até os insectos me chamavam a atenção, davam piruetas e sorriam para mim.
11:00 AM:
Sentei-me no alpendre a olhar a paisagem que me inspirava a poesia, até que o sino lá do alto da igreja me chamasse para o meio-dia.
Como passava depressa o tempo naquele relaxe da mente, estava presente em mim ausente de tudo.
1:00 PM:
Foi-me servido o almoço num alvoroço de perfumes e sabores do campo.
2:00 PM:
Acomodei-me no sossego dos quatro horizontes em viagem pelo Eu, ali em crescimento sustentado de calma.
Lá sentia-me uma espécie de deus, sentia-me venerado pela natureza.
3:00 PM:
À boleia do sol da tarde, cheguei ao cais da tardinha que arrumava a casa para as boas vindas ao crepúsculo que trazia consigo a noite.
Era um ópio, um néctar de juventude.
8:00 PM:
Então ceado, relaxei nas desgarradas dos grilos e cigarras, bebi o café açucarado pela lua, num luar que espreitava todo o meu ego à janela introspectiva daquela cabana à beira do lago.
Meia-noite:
Embalavam-me uivos vindos da serra, sentia que me cantavam as estrelas para adormecer e então adormeci.
Madrugada fora:
Sonhei…
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Comments
Re: UM DIA CONTADO
É uma prosa poética estilizada num conto temporal bem construído, de quem sabe da arte com mestria e que a mim faz inveja por não saber tanto talento.
Parabéns Henrique.
Quanto a mim...
É que de mestre... imito na cozinha umas receitas de culinária, por não ser mestre, queimo tudo como uma arara... nada que se aproveite, nada me reste.
Um abraço.
Vitor.
Re: UM DIA CONTADO
Breves passagens de uma beleza impar me trouxe este sonho. A Natureza no seu esplendor aqui descrita e tu em plena sintonia
Beijos
Matilde D'Ônix