Milagre de amor

Milagre de amor
Foi quando soube do acidente. Pela televisão. Gente famosa aparece, sabe como é...
Desesperou-se, pensou enlouquecer! Tinha que vê-lo. Sabia das impossibilidades, a família iria estar lá, em peso e ninguém deles sabiam de sua existência.
Mas viajou muitos quilômetros, decidida.
A frente do hospital mais parecia uma manifestação, tamanha multidão de fãs chorosos e preocupados, querendo notícias. Avistou a amiga em comum, chamou-a.
Depois do longo abraço, esta lhe prometeu dar um jeito.
Esperou por longos minutos que mais lhe pareceram horas. A amiga voltou trazendo outro amigo a tiracolo, este entraria abraçado com ela, era para parecer um casal.
Enxugou os olhos, retocou o batom, se refez como pode e entrou com o homem que nem conhecia. Já no interior, a amiga inventou uma história, estavam com vôo marcado, não queriam viajar sem antes ver o amigo acidentado. O médico abriu uma exceção, e colocando as vestimentas necessárias, ela entrou na U.T.I.
Chocou-se quando o viu. Cabeça raspada com uma incisão no lado direito. Mãos feridas, pé engessado, rosto cheio de hematomas. Inconsciente e pálido, tão fragilizado!
Trêmula, aproximou-se sem ver o médico logo atrás dela. Chorando, pedia com a voz baixa que ele resistisse, que por favor não a deixasse, que ainda tinham tanto para fazer, que um dia ele havia prometido não partir antes dela. Com suavidade, pegou sua mão e levou delicadamente aos lábios.
O falso marido ao perceber a presença do médico, fez um gesto para avisá-la, mas o profissional lhe fez um sinal que ficasse quieto. Olhava os aparelhos e a cena. Ela insistia que ele mexesse com os dedos, que desse um sinal de força, que reagisse por misericórdia!
Ao recolocar sua mão no leito, ele a segurou com força. Tentou balbuciar algumas palavras, mas ela carinhosamente lhe impediu. O médico observou que neste momento, os batimentos que estavam cessando, voltaram com vitalidade. Viu também que a aura que se desprendia do seu corpo, voltara a se infiltrar nele.
E assim, se fez um milagre. O amor pode tudo.

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Saturday, February 20, 2010 - 02:27

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