O INFINITO APÓS CADA VÍRGULA
A poesia é um espólio vertido
em palavras que são como que gavetas da alma
qual formigueiro se prepare para o Inverno.
Onde a chuva é fingimento
que corre por um rio de charadas
cuja nascente é numa montanha-russa louca.
Um rio de correntes
remadas por todos os sentidos
cuja foz é um céu de destinos bravios.
Destinos baralhados
num corrupio de desejos
qual Olimpo fosse tomado pelos amantes.
Um Inverno
onde o frio é solidão cuja madrugada
é um lençol de urtigas na pele.
É um espólio manuscrito
diante os olhos que escondem o silêncio
ao calha nos recônditos imaginários do poeta.
Diante o ouvido
da mente cuja melodia é um deserto
onde se abriga o pensamento das fúrias
do mar de ser.
Diante os sonhos
quando o poeta inventa tempestades
qual palma lhe esbofeteasse as faces.
Bofetadas de água fria
para que ele acorde pisando o real chão do ego.
Manuscritos raptados á boca
cujas falas são parágrafos à espera
de algo qual morto espere o juízo final.
Fins diante o corpo
onde cada poro é uma cave
cujo mofo são gritos tolhidos por desespero.
A poesia é um momento
onde cada palavra é uma mão
que se estende muda.
Uma mão desnuda
que se deixa abrir pelo olhar
de quem a segura qual anzol pesque tubarões.
Um poema
é uma mala de viagem
pelos textos da vida onde o poeta
conclui a voz sobre o infinito após cada vírgula.
Vírgulas cuja curva
é uma lua de venenos qual maça
acinzentasse o paraíso de sementes pecadas.
Onde cada árvore
é um verso de serpentes
cujo rastejar são lágrimas de amor.
Onde cada sombra
é uma procura de caminhos em prosa
de um só caminho acrobata, a imortalidade.
Submited by
Poesia :
- Login to post comments
- 3526 reads
Add comment
other contents of Henrique
Topic | Title | Replies | Views |
Last Post![]() |
Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Sadness | O ADEUS É A ESCURIDÃO DO ESCURO … | 2 | 7.611 | 10/08/2012 - 06:39 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | MEU GRITO É UMA MÃO CANSADA … | 1 | 3.391 | 10/05/2012 - 19:11 | Portuguese | |
Poesia/Passion | NÓS ENTRE NÓS … | 0 | 996 | 10/05/2012 - 01:40 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | O SILÊNCIO DAS LÁGRIMAS … | 0 | 3.131 | 10/02/2012 - 22:41 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | MINHA ALMA É UM MAR DE AMOR … | 0 | 4.251 | 10/01/2012 - 00:46 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | ENGODO … | 1 | 2.678 | 09/29/2012 - 21:20 | Portuguese | |
![]() |
Fotos/Others | Paula Teixeira da Cruz ... | 0 | 1.902 | 09/29/2012 - 18:04 | Portuguese |
Poesia/Love | TENHO TU … | 0 | 4.977 | 09/28/2012 - 22:20 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | DOIDICE … | 0 | 2.430 | 09/25/2012 - 22:12 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | O AMOR MORDE O SILÊNCIO … | 0 | 4.009 | 09/23/2012 - 22:42 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | QUE A MORTE NOS MATE … | 0 | 6.310 | 09/20/2012 - 17:53 | Portuguese | |
Poesia/Passion | UMA LENHA TUA … | 0 | 2.096 | 09/19/2012 - 23:58 | Portuguese | |
Poesia/Passion | ATÉ QUE A NUDEZ SEJA A ÚLTIMA ROUPA … | 0 | 2.118 | 09/18/2012 - 17:07 | Portuguese | |
![]() |
Fotos/Landscape | A Queda do Sol ... | 0 | 3.456 | 09/18/2012 - 17:02 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Others | Cortante ... | 0 | 2.778 | 09/18/2012 - 16:59 | Portuguese |
Poesia/Meditation | PALAVRAS DE VASTO SILÊNCIO … | 0 | 4.308 | 09/12/2012 - 21:12 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | O SER DAS COISAS DAS COISAS DO SER … | 1 | 2.587 | 09/11/2012 - 18:02 | Portuguese | |
Poesia/Passion | SOLETRA-ME NOS TEUS SEGREDOS … | 0 | 4.278 | 09/06/2012 - 19:54 | Portuguese | |
![]() |
Fotos/Landscape | Subir Sem Perder O Chão ... | 0 | 5.549 | 09/04/2012 - 20:01 | Portuguese |
Poesia/Meditation | BICHO COM SETE CABEÇAS DE BICHO … | 0 | 3.419 | 09/04/2012 - 19:45 | Portuguese | |
![]() |
Fotos/Digital Art | Inveja ... | 0 | 8.069 | 09/04/2012 - 14:13 | Portuguese |
Poesia/Meditation | JUBA DE URTIGAS … | 0 | 4.223 | 09/02/2012 - 22:40 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | LUGAR DE OLHOS … | 0 | 2.205 | 09/02/2012 - 20:02 | Portuguese | |
Poesia/Passion | NUM TOQUE, O TODO DO TEU DESEJO … | 0 | 3.962 | 09/02/2012 - 00:14 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | GRITO … | 0 | 3.212 | 09/01/2012 - 19:56 | Portuguese |
Comments
Onde cada sombra é uma
Onde cada sombra
é uma procura de caminhos em prosa
de um só caminho acrobata, a imortalidade.
Muito belo.
Cada caminho
um lugar fraseado
em esquinas versejantes
infinitos da poesia.
Um abraço.
Vitor.
Poesia, são momentos de
Poesia, são momentos de encantamento ou desencanto,
encontro e desencontro, alegria e tristeza, tudo o que sonhamos
e interpretamos com o coração, uma infinidade de palavras mágicas
que nos dão a conhecer momentos de extase, com ela parece-nos que nada nos falta.
Belo como sempre.
Do alto da montanha-russa da
Do alto da montanha-russa da vida, a vista é deslumbrante e até
é possível um mergulho. E já que a água está fria, mergulhemos
na poesia...
Comentário
Realmente, após uma virgula no escrito podemos ter o infito no emaranhados dos verso, uma bela meditação.