Seres incompletos
Seres incompletos
Há pessoas famintas,
de alimentos saudáveis.
Saciam-se de tudo,
Mas sentem-se inábeis.
Socorrem-se de fintas.
Escondem do olhar,
profundo,
A fome de todos os afagos,
do mundo.
Sonegaram-lhes o afecto.
Prometeram-lhes os abraços,
acolhedores.
Sentiram-se, na sua infância,
perdedores.
Viveram o seu tempo, ao avesso.
Espreitaram em cada esquina,
algum transeunte com vagar.
Estudaram os gestos, a postura.
Queriam experimentar.
-Dás-me um beijo?
(Faces coradas pela vergonha)
-Agora não, não dá jeito!
(Corpo hirto, de surpresa,
foge,como de um leproso…)
Desanimados,
prosseguem
o seu caminho.
Ensimesmados,
procuram um carinho.
Em casa mesa farta!
Todos comem, o que lhes apetece!
Nesse dia, porém, alguém não se senta.
Sobe ao quarto, entristece,
enquanto o sono não acontece.
Sonha com hordas de pedintes,
dentro e fora de casa!
Devoram comida enlatada
(Àquela hora não havia mais nada)
E tudo o que servisse de enfeites.
Riam às gargalhadas!
Beijam as bocas saciadas.
Ciumento e enlouquecido,
dispara:
-Dás-me um beijo?
Todos se entreolham!
Que ser tão estranho!
Anafado, casa farta…
E afinal pede um beijo?
Riam às gargalhadas!
Beijam as bocas saciadas.
Ciumento e enlouquecido,
Deve ser uma partida!
Fogem, virá a polícia!
Lágrimas salgadas
do seu próprio sal,
inundam a almofada.
Alguém se abeira…
E o beija,
lavando seu rosto empoeirado.
Ternamente…
Logo fica iluminado!
Aninha-se em seus braços,
em lençóis que nunca vira!
Inesperadamente encontrara,
o alimento que lhe faltara!
Beijos, foram mil,
como as aguas de Abril!
Brincadeiras, foram tantas…
Voltaram a ser crianças!
OF 13 e 14-08-2010
Submited by
Ministério da Poesia :
- Login to post comments
- 7333 reads
Add comment
other contents of Odete Ferreira
Topic | Title | Replies | Views |
Last Post![]() |
Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/General | Madrugadas de água | 4 | 1.731 | 04/02/2011 - 02:58 | Portuguese | |
Poesia/Acrostic | Primavera 1 | 4 | 1.595 | 04/02/2011 - 01:17 | Portuguese | |
Poesia/Acrostic | Primavera 2 | 2 | 1.584 | 03/29/2011 - 15:32 | Portuguese | |
Poesia/Fantasy | Eternidade | 6 | 1.288 | 03/25/2011 - 02:36 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | É esta a minha terra | 2 | 1.283 | 03/25/2011 - 02:25 | Portuguese | |
Poesia/General | Viajante do mundo | 2 | 1.516 | 03/24/2011 - 01:54 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | Chuva | 2 | 1.571 | 03/20/2011 - 04:40 | Portuguese | |
Prosas/Others | Às vezes sou bruxinha… | 0 | 1.934 | 03/19/2011 - 23:44 | Portuguese | |
Prosas/Others | Dias de chuva são assim... | 0 | 2.187 | 03/19/2011 - 23:33 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Solitária em companhia | 4 | 1.664 | 03/13/2011 - 03:10 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Construções mentais | 8 | 1.278 | 03/12/2011 - 16:26 | Portuguese | |
Poesia/Fantasy | Poema mascarado | 2 | 1.520 | 03/11/2011 - 02:26 | Portuguese | |
Prosas/Saudade | Um escrito em forma de homenagem | 0 | 2.219 | 03/08/2011 - 01:50 | Portuguese | |
Prosas/Others | Estou presente, estou viva! Aqui ou por aí…Mas nunca na secção dos “Perdidos e Achados”. | 0 | 2.665 | 03/08/2011 - 01:37 | Portuguese | |
Prosas/Lembranças | Há um ano foi assim (17-02-10) ... | 0 | 2.892 | 03/08/2011 - 01:20 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | Crise(s) | 0 | 2.534 | 03/08/2011 - 01:07 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Acas(s) | 1 | 3.381 | 03/08/2011 - 00:57 | Portuguese | |
Poesia/Fantasy | Flash | 0 | 1.874 | 03/08/2011 - 00:49 | Portuguese | |
Poesia/Disillusion | De ti para mim | 0 | 1.503 | 03/08/2011 - 00:44 | Portuguese | |
Prosas/Lembranças | Há um ano foi assim... | 0 | 2.161 | 03/01/2011 - 15:25 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | Tarde em mim | 6 | 1.722 | 03/01/2011 - 15:13 | Portuguese | |
Poesia/Fantasy | Paz de espírito | 2 | 1.870 | 02/24/2011 - 15:35 | Portuguese | |
Poesia/Sadness | Tu | 2 | 1.265 | 02/24/2011 - 03:35 | Portuguese | |
Poesia/General | Viagem | 0 | 1.287 | 02/21/2011 - 10:06 | Portuguese | |
Poesia/Fantasy | Il était une fois | 0 | 930 | 02/21/2011 - 09:56 | Portuguese |
Comments
-Dás-me um beijo?
-Dás-me um beijo?
de surpresa
Olá amiga Odete!
Um prazer vê-la por aqui!!!
Este teu poema acorda-nos para a carência adormecida em tanta gente!!!
:-)
Agradecimento
Obg, pelo tag...Tudo o que posto também está no blogue, sendo que, neste, também escrevo em prosa e mais umas coisitas...
:)