O SILÊNCIO DE QUEM CHORA
O silêncio de quem chora
é a boca de uma piton predadora
que nos esmaga a alma sem clemência.
É como quem dedilha
um piano de pernas pró ar
de mãos atadas atrás das costas
sobre teclas desassossegadas.
É uma hipotermia
de lágrimas gélidas emudecendo
paisagens distorcidas por mágoas elefantes.
Chorar é caminhar
sobre pontes de cordas podres
num penhasco de vertigens suicidas.
É sermos relógio parado entre margens
apegadas por um arco-íris a preto e branco.
O silêncio de quem chora é uma coruja
desencantando-nos ao ouvido sentires de desgraça.
Gargalha-nos sofrimento,
empoleirado em ramos de Outono
na árvore da noite num açoite de queixumes asfixiados.
Chorar é uma falta de ar imensa
onde o silêncio é um remoinho de gritos,
vindos em vento frio sem sabermos bem de onde.
É um diabo
que nos morde a língua
com palavras em Braille
neste inferno onde o fogo é solidão.
O silêncio de quem chora
é uma sinfonia de dor e perda.
É um violino
de saudade desafinada
que nos horripila os sentidos.
É uma âncora de amor
Que nos fundeia os lábios em poesia gótica.
Chorar é um trono
em alto mar de onde nada se avista
a não ser horizontes de névoas alucinogénicas.
O silêncio de quem chora
é um tela de cores abstractas
sobre papelão ensopado de vazio.
Submited by
Poesia :
- Login to post comments
- 3218 reads
Add comment
other contents of Henrique
Topic | Title | Replies | Views |
Last Post![]() |
Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Love | AMAR É O MEU SEMPRE | 3 | 6.836 | 11/05/2009 - 13:13 | Portuguese | |
Poesia/Love | AMAR A TRÊS | 6 | 3.986 | 11/05/2009 - 13:10 | Portuguese | |
Prosas/Thoughts | AMAR É DEMAIS E MUITO MAIS | 1 | 8.411 | 11/03/2009 - 15:19 | Portuguese | |
Poesia/Love | AMO O TEU LUAR | 9 | 1.343 | 10/29/2009 - 00:23 | Portuguese | |
Poesia/Fantasy | CRIANÇA DE UM DIA MAGIA | 5 | 1.363 | 10/16/2009 - 10:10 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | DEDICADO A UMA MULHER | 7 | 2.737 | 09/20/2009 - 18:22 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | DESTINO QUE NÃO PÁRA DE ACONTECER | 7 | 2.312 | 09/20/2009 - 18:20 | Portuguese | |
Prosas/Thoughts | O AMOR SÃO NOVE MESES | 1 | 2.249 | 09/17/2009 - 11:12 | Portuguese | |
Prosas/Thoughts | DE PERNAS ABERTAS | 3 | 1.858 | 09/15/2009 - 18:28 | Portuguese | |
Poesia/Love | ESVAIO-ME EM PROCURAS DE TI AMOR | 5 | 2.734 | 09/15/2009 - 11:21 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | DE QUEM VIVE, VOA E COME... | 1 | 1.433 | 09/11/2009 - 06:18 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | DE UM TEMPO MEU | 1 | 2.889 | 09/06/2009 - 17:45 | Portuguese | |
Poesia/Sadness | MORRERAM MEUS POEMAS | 7 | 2.176 | 08/28/2009 - 21:36 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | SILÊNCIOS NUS NA UTOPIA | 4 | 4.319 | 08/04/2009 - 13:09 | Portuguese | |
Poesia/Sadness | ARAGEM FERIDA | 4 | 2.110 | 08/04/2009 - 12:59 | Portuguese | |
Poesia/Sadness | CEMITÉRIO DO TEMPO | 5 | 1.502 | 08/04/2009 - 12:54 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | CADA DOMINGO É UM EPISÓDIO | 5 | 1.178 | 08/04/2009 - 05:48 | Portuguese | |
Poesia/Love | AGOSTO | 5 | 6.141 | 08/04/2009 - 05:41 | Portuguese | |
Prosas/Thoughts | ÁS DE PRAZER | 1 | 3.992 | 07/30/2009 - 16:50 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | SEGUNDO-A-SEGUNDO | 2 | 2.320 | 07/26/2009 - 18:26 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | CONSTRUÇÃO DE ESPERANÇA | 5 | 1.135 | 07/26/2009 - 03:30 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | OS CORNOS DO DIABO | 1 | 1.808 | 07/26/2009 - 02:05 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | SE O TEMPO CURA TUDO: | 7 | 2.818 | 07/22/2009 - 12:07 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | OFEREÇO-ME PARA UM NOVO DIA | 8 | 2.132 | 07/21/2009 - 05:37 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | ÂNSIA ALUCINANTE | 2 | 2.663 | 07/21/2009 - 05:30 | Portuguese |
Comments
Profunda poesia...
Profunda poesia...
O silêncio de quem chora
"É uma hipotermia
de lágrimas gélidas emudecendo
paisagens distorcidas por mágoas elefantes."
Designa de uma forma esparsa os silêncios; de quem chora; talves para levantar a voz que morre nas goelas.
( É uma ancora de amor"
É dor que se exprime nas essências que esmigalham os sonetos.
Gostei do que o meu amigo consegue dizer como, suponho:
Já não são pratos, mas presentes oferecidos aos estetas que somos obrigados a ser.
Gostei de te ler bem profunda é a forma como vejo.
Abraço.