A Despedida de Solteiro
Américo e Jacinto, além de amigos, iriam ser cunhados, brevemente,
E como era costume, o noivo devia-se despedir da vida de solteiro,
Para que nunca mais, a saudade aperta-se, quando casado eternamente
E, para assim manter um casamento firme, honesto e ordeiro.
Conversa de homem para ali, conversa de homem para acolá,
E, vem ao assunto, irem a Lisboa, a um sitio muito famoso e corriqueiro,
De nome Cabaré Ié-Ié, que ficava no centro da cidade, das bandas de lá,
E que tinham moças a dançar, quase nuas, de camiseiro.
Jacinto, embora envergonhado, acedeu à vontade do futuro cunhado.
Américo, ao ver a sua vontade feita, quis logo nessa noite, ir dar lá uma espreita.
Chegaram já o espectáculo, tinha começado,
O tema era o burlesco, e as moças estavam no palco, em trajes menores,
Jacinto corou, pois ainda era muito verde, nestas andanças, neste fado,
Já, Américo vibrou, até parecia pertencer aqueles arredores.
O futuro cunhado começou a ficar espantado,
Pois, Américo até parecia conhecer toda a gente,
E ninguém se tinha a ele apresentado,
Miudas, graúdas, clientes e gerente.
De repente, na mesa, já estava espumante, amendoins e tremoços,
Logo, as moças, os abordaram e logo subiram para os seus colos,
Colocaram os seus despidos e perfumados braços, rodeando-lhes os pescoços,
E eles já perdidos, com tamanho alarido, pareciam dois tolos.
Começa o espectáculo, da artista principal,
De nome Vera, a tal.
Mal a moça entrou, o público aplaudiu a sua marcada presença,
Ela, cordialmente os cumprimentou e começou a sua erótica dança.
Dançava numa taça de champanhe enorme,
Ainda vazia, ela rodava e rodava lá dentro, como se estivesse num carrossel,
E, ao mesmo tempo, ia tirando a roupa de espectáculo, o seu uniforme,
Para que pudesse ficar mais à vontade, em dossel.
Era uma bela mulher, de traços exóticos e muito sensual,
De tamanha beleza, que nunca haviam visto nada igual.
De repente, saiu do tecto, um jacto de água, que o seu corpo banhou,
Toda ela era, a sensualidade em pessoa, com tal espectáculo fluvial,
Suas linhas e mamilos a água evidenciou,
Todo o conjunto de coisas e loisas, eram de uma mulher fatal.
De repente, e ainda em palco, já a acabar o seu acto,
O olhar dela cruza com o de Jacinto e congela, por momentos escassos,
Inconscientemente, o reconhecimento é familiarmente imediato,
Nem, ela sabe bem o que vê, porque somente reconhece os seus traços.
Fica assustada, porque lhe pareceu ver quem lhe fez mal,
Impossível seria, ainda estar tão bonito e jovial.
Fica apavorada e chora porque afinal de nada valeu, fugir do seu passado,
Maldita sina, havia de a seguir para todo o lado.
Submited by
Poesia :
- Login to post comments
- 1924 reads
Add comment
other contents of joanadarc
Topic | Title | Replies | Views |
Last Post![]() |
Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
|
Fotos/Personal | Á Espera de TI... | 0 | 1.568 | 03/20/2012 - 02:16 | Portuguese |
![]() |
Videos/Music | Your Loving Arms... | 0 | 1.602 | 03/20/2012 - 01:42 | Portuguese |
Poesia/Erotic | VOO PICADO | 1 | 1.303 | 03/20/2012 - 01:05 | Portuguese | |
|
Fotos/Nature | The only way is up | 0 | 1.526 | 03/18/2012 - 03:34 | Portuguese |
|
Fotos/Nature | Caminhando por la calle | 0 | 1.209 | 03/18/2012 - 03:17 | Portuguese |
Poesia/Fantasy | A BARCA DA FANTASIA | 2 | 1.763 | 03/18/2012 - 02:50 | Portuguese | |
Poesia/Fantasy | A BAILARINA CAÍDA | 0 | 1.113 | 03/11/2012 - 02:36 | Portuguese | |
Poesia/Passion | SENHORA DO FOGO | 2 | 1.310 | 03/10/2012 - 21:37 | Portuguese | |
Poesia/Passion | A UM MINUTO DE TI... | 12 | 1.796 | 03/10/2012 - 21:26 | Portuguese | |
![]() |
Videos/Music | Jessie J - DOMINO | 0 | 1.643 | 03/09/2012 - 14:29 | Portuguese |
Poesia/Dedicated | E ERA UMA VEZ, UMA MULHER... | 2 | 1.667 | 03/09/2012 - 13:12 | Portuguese | |
Poesia/Passion | SABIAS? | 10 | 1.240 | 03/09/2012 - 13:00 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | CARA-A-CARA | 0 | 1.421 | 03/09/2012 - 00:32 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | CORPO: PEDAÇO DE CARNE FRESCA E SUCULENTA | 8 | 1.333 | 03/08/2012 - 02:21 | Portuguese | |
Poesia/Passion | SE EU PUDESSE, MANDAVA ERGUER... | 12 | 1.777 | 03/06/2012 - 15:33 | Portuguese | |
Poesia/Passion | CORAÇÃO PÁLIDO | 6 | 1.668 | 03/06/2012 - 01:07 | Portuguese | |
Poesia/Passion | ASSINA O TEU NOME, NO MEU CORAÇAO | 2 | 1.361 | 03/06/2012 - 01:00 | Portuguese | |
Poesia/Erotic | ESTRANHA SENSAÇÃO, DE FAZER AMOR, ÁS CEGAS | 6 | 2.582 | 03/04/2012 - 22:01 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | O HOMEM PRESO NO SEU PRÓPRIO REFLEXO | 2 | 1.522 | 03/04/2012 - 21:54 | Portuguese | |
![]() |
Videos/Music | Enrique Iglesias - Heartbeat | 0 | 1.801 | 03/03/2012 - 00:18 | Portuguese |
Poesia/Dedicated | EM CIMA, DO MEU TELHADO, SONHAVA... | 0 | 1.971 | 03/02/2012 - 23:40 | Portuguese | |
![]() |
Videos/Music | The Killers - The World that we live in | 0 | 1.817 | 03/01/2012 - 17:26 | Portuguese |
Poesia/Thoughts | A BONECA | 2 | 1.414 | 03/01/2012 - 16:36 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | ESTADO DA NAÇÃO | 2 | 1.217 | 03/01/2012 - 03:44 | Portuguese | |
Poesia/Passion | ENTRAS EM MIM | 5 | 1.666 | 02/29/2012 - 00:58 | Portuguese |
Comments
E eu também estou na
E eu também estou na espetativa
de as ler - as evoluções - Joana. Sente-se como tu vives
intensamente a tua história, dada o modo
intenso como tu a fazes chegar a nós...
:-)
Caro Albano, A tua presença é
Caro Albano,
A tua presença é sempre obrigatória, por estes lados.
Os teus comentários são uma mais valia, para mim e julgo serem para outros, que frequentam e escrevem na WAF.
Um obrigado sincero e especial.
Joana