Haja paciência...
Domingo, dia de atestar o depósito do carro. A meio da manhã entro na bomba de gasolina e encontro uma fila grande de carros, em contraste com a minha parca paciência para esperar. Acabei, parando o carro do lado contrário ao do depósito da gasolina, porque desse lado a fila era um pouco menor. Quando, finalmente, chegou a minha vez, puxei o carro um tudo nada à frente para que a mangueira chegasse mais facilmente ao depósito. Tranquei o carro e lá fui eu, civilizadamente, cumprir a exigência do pré pagamento, modalidade adotada já há algum tempo, por via da malandragem que atesta e foge.
Paguei e saí da gasolineira na direcção do carro para meter gasolina, mas não queria crer no que os meus olhos viam. Uma mulher encontrava-se a atestar a mota na minha bomba, esclarecendo melhor, com o dinheiro que eu havia pago.
Aproximei-me dela, perplexa e confrontei-a com aquela atitude meio descontextualizada.
- Olhe desculpe! A senhora está a abastecer na minha bomba. Penso que leu que é pré pagamento.
- A “madama” está a falar comigo? Como vê, não é preciso pagar primeiro, senão como é que eu conseguia encher o depósito da mota?
- É simples, com o meu dinheiro, não acha?
- Coitada! Olha pr’a ela. Lá porque anda de carro, já julga que o dinheiro dela vale mais do que o meu.
- Vamos lá a ver se nos entendemos! Não entre por campos que em nada para aqui são chamados. O que eu quero saber, é como é que eu agora ponho gasolina se a senhora já gastou o meu plafond.
Acabei por voltar à bomba e expor o ocorrido à funcionária que já se havia apercebido, por entre os vidros, do que se estava a passar.
Curiosamente, a assistência do espectáculo era composta por um grupo de polícias que aos domingos estão ali a tomar café e na caça à multa, assim haja algum condutor distraído que ao sair da bomba resolva encurtar o caminho e virar na direcção do estádio do Bonfim, cometendo aí uma contra ordenação porque pisa o traço contínuo, embora não ponha ninguém em perigo, pois tem espaço e visibilidade suficiente para inverter a marcha.
Os polícias riam a bom rir e a funcionária mais ponderada e profissional disse-me que fosse abastecer pelo mesmo valor anterior.
Dirigi-me à senhora da mota e repliquei, ainda, irritada q.b:
- Já percebeu, agora, o que eu lhe estava a explicar? No mínimo deve-me um pedido de desculpas, não?
- Desculpe lá oh “madama”! Sou pobrezinha, mas vou pagar o que devo.
Eu respondi que o insólito mais parecia uma cena de apanhados. Quando entrei no carro para me ir embora, um dos polícias saiu atrás de mim e posicionou-se de forma a constatar se eu cometeria a infracção de pisar o traço contínuo…
“Há dias de manhã, que a gente à tarde, não devia sair à noite…”
Melhor dizendo… Haja paciência!
Submited by
Prosas :
- Login to post comments
- 3290 reads
Add comment
other contents of Nanda
| Topic | Title | Replies | Views |
Last Post |
Language | |
|---|---|---|---|---|---|---|
| Poesia/Meditation | Sexto sentido | 3 | 1.180 | 07/06/2010 - 13:48 | Portuguese | |
| Poesia/General | Nesta redoma | 4 | 1.305 | 07/06/2010 - 13:45 | Portuguese | |
| Poesia/Meditation | Conversas com o meu umbigo | 3 | 1.284 | 06/30/2010 - 21:04 | Portuguese | |
| Poesia/Joy | Hoje, deu-me para assobiar | 3 | 1.311 | 06/28/2010 - 22:25 | Portuguese | |
| Poesia/Acrostic | Coisas dos meus olhos d´água | 8 | 3.071 | 06/26/2010 - 21:32 | Portuguese | |
| Poesia/Dedicated | Exaltam-se as quinas | 0 | 1.646 | 06/22/2010 - 17:07 | Portuguese | |
| Poesia/Sonnet | Sonho de amor imperfeito | 4 | 1.870 | 06/18/2010 - 06:58 | Portuguese | |
| Poesia/General | É o que vale! | 5 | 1.324 | 06/15/2010 - 21:27 | Portuguese | |
| Poesia/General | Cegueira da alma | 5 | 919 | 06/15/2010 - 20:09 | Portuguese | |
| Poesia/Love | Amplexo jeito de amar | 4 | 1.602 | 06/13/2010 - 11:59 | Portuguese | |
| Poesia/Aphorism | Não me queiras tirar de letra! | 3 | 1.347 | 06/11/2010 - 03:25 | Portuguese | |
| Poesia/General | Eclusa de mim | 2 | 1.775 | 06/08/2010 - 21:16 | Portuguese | |
| Prosas/Ficção Cientifica | Guardar Segredo | 3 | 1.795 | 06/08/2010 - 20:08 | Portuguese | |
| Poesia/Sadness | Conforme e consoante | 5 | 1.359 | 06/07/2010 - 18:43 | Portuguese | |
| Poesia/Love | Esta sou eu no meu melhor! | 3 | 941 | 06/06/2010 - 05:49 | Portuguese | |
| Poesia/Comedy | Sete palmos debaixo da terra | 7 | 1.555 | 06/03/2010 - 14:52 | Portuguese | |
| Poesia/Sadness | grito infante | 4 | 1.211 | 06/02/2010 - 17:14 | Portuguese | |
| Poesia/Friendship | Isto...Nem sequer é um poema! | 3 | 1.634 | 05/31/2010 - 15:13 | Portuguese | |
| Poesia/General | Sóbria de mim | 5 | 972 | 05/26/2010 - 14:09 | Portuguese | |
| Poesia/Love | Nasci para amar | 1 | 1.836 | 05/24/2010 - 20:24 | Portuguese | |
| Poesia/Meditation | Chancela da alma | 1 | 1.456 | 05/15/2010 - 20:32 | Portuguese | |
| Poesia/Dedicated | Um madrigal de sustenidos | 1 | 1.646 | 05/13/2010 - 23:38 | Portuguese | |
| Poesia/Fantasy | Alma conciliadora | 3 | 1.572 | 05/11/2010 - 15:26 | Portuguese | |
| Poesia/Meditation | Alma ostracizada | 2 | 2.833 | 05/10/2010 - 16:14 | Portuguese | |
| Poesia/Fantasy | Portal da imortalidade | 6 | 1.656 | 05/10/2010 - 11:06 | Portuguese |






Comments
Em primeiro lugar fico grata
Em primeiro lugar fico grata pelo alerta. Nem nos passa pela cabeça...
A cena dos polícias tem o seu quê de hilariante se não fosse dramático.
Também é verdade o que por aí se diz:
paciência também tem limites.
Xi
amiga Nanda.