Afinal, quem sou eu?

Por vezes queremos ser mais que uma só alma demente. Queremos ser água corrente. Os melhores dias ao âmago desconexo da nossa existência são paradoxais. Não somos porque não queremos ou não desejamos ser. Sou leal a uma só alma.À minha.Um grande sábio soprou-me ao ouvido, com olhos sorridentes, que os sentimentos transformam-se. Eu sei. Juro que sei quem eu sou, embora ultrapasse certas barreiras, momentos e até à estupidez humana.
Faço parte dessa roda da sorte que gira e gira. Mas não é gira! Por vezes sou uma folha na margem do Outono, uma pequena nuvem que esconde um sol luminoso.
Outras vezes, nem sei mais quem eu sou. O que represento. Não sei de quem é a imagem que o espelho reflecte.
Espero, a meio das tormentas, inconscientemente, reconhecer o olhar de outrora, em qualquer superfície luminosa e que toda a sua, estrondosa força me faça cega! Não quero dormir, não quero sonhar, não quero nada. Quero ser sonâmbula, caminhar sem forças, abandonada, pelo mundo fora. Desejo, quero estar contigo, com espíritos que bailam à riveria. Tantas são as noites que permaneço prostrada num canto só meu, a denegrir pensamentos, passo-os em mãos, abandonados, pobres, ao meu escrutínio estúpido. Queria ser quem eu era. Inocente. Hoje, reconheço-me mal fadada dos podres da vida! Desejo tudo o que perdi. Ser Forte, enfrentar o mundo, lá de cima. Sentir o que já não consigo sentir. Escondo-me por entre cumes e montanhas, letárgica. Tento desesperadamente, ser uma réstia de amor para ti. Gostava de deixar de gostar e simplesmente amar. Obrigar-me a amar, para sentir. De novo e de novo. Até cair em paz na cama honrosa, dos meus sonhos. Se mil desejos pudesse pedir, invocaria mil anjos, que comigo restituiriam o equilíbrio a este Universo. Sentir-me-ia poderosa mas vulnerável. Seria um aglomerado de pensamentos, sentimentos, sensações e recordações. Se vives dentro de mim, contigo assumi um compromisso que somente irei quebrar, se a minha confiança traires. Não escondo quem eu sou do mundo, escondo-me de mim mesma! A intensidade do que sinto magoa-me a alma, faz-me divagar e alterar os passos que gostaria de marcar. Afinal, quem sou eu? Eu, só quero poder dormir e respirar. Finalmente, encontrei-me, segura.