Em repúdio aos claustros (elegia a Junqueira Freire)

Como se a vida fosse arrastada pela força das marés, o poeta vê-se prisioneiro nos claustros, que abomina pela fraqueza de não ter tido as forças suficientes para renegar o que veio a considerar, tão triste sina.
Viu-se castrado de ímpetos, achou-se condenado ao celibato, mas nada, nem ninguém o demoveu de fazer uso da palavra para cantar a figura mística do monge que considera ociosa e inútil à sociedade, enquanto sofre as agruras de um cotidiano parco de esperança, pisando e adormecendo sobre um chão frio, impessoal e povoado de sepulcros.
Apesar de ser um visionário e de na prosa
fazer recurso à crítica social, a sua fé inabalável num Deus justo, sempre foi apanágio da sua quase inocente e acima de tudo humana personalidade, enfatizada através do seu espírito observador e inconformado. Assim nos deixa Junqueira Freire um legado rico, humanizado e sempre atual.

Menção Honrosa no Prémio Literário Valdeck Almeida 2011 

Submited by

Wednesday, May 30, 2012 - 21:43

Prosas :

Average: 5 (1 vote)

Nanda

Nanda's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 12 years 13 weeks ago
Joined: 10/23/2009
Posts:
Points: 2469

Comments

LourdesRamos's picture

Junqueira Freire

Oi, Amiga Nanda,
Belo e elucidativo texto.
Semelhante ao J.F. inúmeros seres sentem-se castrados e oprimidos pela religião e religiosidede de homens, pois Deus mesmo não quer tal sacríficio, apenas nos pede ações de graças.

Add comment

Login to post comments

other contents of Nanda

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia/Meditation Entre mim e o vento 5 4.971 02/27/2018 - 13:26 Portuguese
Poesia/Intervention Marioneta 2 3.765 02/27/2018 - 13:24 Portuguese
Poesia/General O Condão 1 3.372 08/28/2012 - 17:58 Portuguese
Poesia/Meditation Carruagem do tempo 1 4.053 07/09/2012 - 08:26 Portuguese
Poesia/Intervention Os renegados 3 4.104 07/02/2012 - 16:11 Portuguese
Prosas/Others Em repúdio aos claustros (elegia a Junqueira Freire) 1 3.732 05/31/2012 - 14:51 Portuguese
Poesia/General Sons da cachoeira 4 4.228 05/25/2012 - 19:16 Portuguese
Poesia/Fantasy O derradeiro ato 2 3.390 04/28/2012 - 22:55 Portuguese
Poesia/Fantasy Poema de água mel 5 2.946 04/21/2012 - 22:25 Portuguese
Poesia/Meditation Rios d´ alma 3 2.908 03/24/2012 - 19:52 Portuguese
Poesia/Fantasy Alcateia 2 3.675 03/17/2012 - 18:09 Portuguese
Poesia/Meditation Ninguém se cruza por acaso 6 3.328 03/17/2012 - 15:58 Portuguese
Poesia/Meditation Inconfidências 5 3.274 03/10/2012 - 16:05 Portuguese
Poesia/Sadness Nas asas da fantasia 2 4.011 03/02/2012 - 00:36 Portuguese
Prosas/Comédia Haja paciência... 1 3.004 01/12/2012 - 13:06 Portuguese
Poesia/Meditation (In)casta 0 4.009 12/11/2011 - 19:56 Portuguese
Fotos/Events Cont(r)o_versus 1 7.190 12/10/2011 - 21:29 Portuguese
Poesia/Dedicated Arrábida minha 2 3.544 11/26/2011 - 19:52 Portuguese
Poesia/Fantasy Astro rei 4 4.092 11/22/2011 - 16:41 Portuguese
Poesia/Fantasy Metáfora 2 3.691 11/06/2011 - 21:13 Portuguese
Poesia/General Ao sabor do tempo 1 4.046 10/16/2011 - 20:10 Portuguese
Poesia/General (In)coerência 2 3.009 10/01/2011 - 18:07 Portuguese
Poesia/Fantasy Fantasiando 4 3.377 09/27/2011 - 08:26 Portuguese
Poesia/Sadness Fios de sargaços 1 3.572 09/26/2011 - 00:21 Portuguese
Poesia/Fantasy Basto-me! 2 4.360 09/24/2011 - 18:25 Portuguese