Agora que me ponho sol
Agora que me ponho sol
Agora que me visto e que me ponho sol
agora que me sinto rio e me finjo de nuvem
Agora que me ouves e que te oiço e que o coração tem agua tão profunda
como se fosse um poço.
Agora que me sinto perdido e sou mesmo assim o sentido de ser o irmão de todo o universo.
Agora que me visto e que me ponho sol
agora que pões batom nos lábios e lês os livros sábios para não chorares de solidão
Agora que me ouves e te oiço e que as palavras não são nada depois de se dormir.
Agora que nos sentimos tão de perto e caminhamos longe como se a vida fosse outro projecto outra direcção.
Agora que estamos e somos o que sentimos e o que criamos.
Agora que nos damos quando não temos nada
agora que a nossa liberdade é um grão pequeno e o amor é tão grande numa mão fechada
Agora que me visto e que me ponho sol
agora que sorris e que choras e que tocas acordeão para imitar a primavera
Agora que bebes o vinho e cheiras a roupa dos poetas
Agora que me sentes e que me sinto
agora que o corpo me cansa e a lua me abandona
Agora que tu estás e nós seguimos de viagem
Agora que nos abraçamos quando as palavras não são nada
Agora que nos sentimos e temos confiança
havemos de ter o mar para nos guardar
Agora que este verso não rima e eu te o dedico como se fosse mel
Agora que me deslumbras mesmo sem luz
Agora que somos natureza e somos nus
Agora que me visto e que me ponho sol
Agora que me sinto rio e me finjo de nuvem
Agora que não há perfume e que os olhos são suaves
Agora que este verso não rima e tu escreves na alma como se não houvesse tempo nem agua para humedeceres os olhos.
Agora que o rio caminha nos homens como o Deus agua no deserto dos olhos
Agora que estamos perto e caminhamos longe
agora que nos damos e não temos nada e que mesmo assim possuímos o tesouro de ter um coração a bater
Agora que me visto e que me ponho sol
Agora que me sinto rio e beijo o teu rosto de nuvem
me sinto abençoado como os pássaros que zelam as arvores.
Agora que me visto e te espero como se fosse a noite sem segredos
Agora que tenho medo da solidão e desespero de ter sede de beber amigos
Agora que estou contigo e somos sem compromisso e sem lei
Agora que os meus olhos te querem e te choram
Agora que estamos amigos e que nos vestimos de sol se a noite nos abandonar.
Agora que nos deslumbramos mesmo sem luz.
Escrito em canhos de Meca e dedicado a Cláudia
lobo 06
Submited by
Poesia :
- Login to post comments
- 1561 reads
Add comment
other contents of lobo
Topic | Title | Replies | Views |
Last Post![]() |
Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Love | Ao contrário | 0 | 2.583 | 09/20/2011 - 17:08 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | A noite no meu corpo | 0 | 1.485 | 09/20/2011 - 15:31 | Portuguese | |
Poesia/Love | Como posso esquecer | 1 | 2.034 | 09/20/2011 - 02:17 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | Queria vê-la fixe | 0 | 2.172 | 09/19/2011 - 15:43 | Portuguese | |
Poesia/General | Batata quente | 1 | 2.879 | 09/19/2011 - 01:51 | Portuguese | |
Poesia/General | Ela era o meu atraso | 0 | 2.379 | 09/17/2011 - 22:20 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | O meu gato | 0 | 2.310 | 09/16/2011 - 18:10 | Portuguese | |
Poesia/General | Guardando no bolso os recados | 0 | 1.718 | 09/13/2011 - 16:05 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Eu rezo | 2 | 2.449 | 09/13/2011 - 02:11 | Portuguese | |
Poesia/Love | Se o olhar me cortar as lágrimas | 0 | 3.939 | 09/05/2011 - 12:41 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | Quando a noite foge do corpo | 1 | 1.460 | 08/23/2011 - 22:49 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | O esquecimento mata a liberdade | 0 | 2.114 | 07/28/2011 - 16:32 | Portuguese | |
Poesia/Disillusion | Vou devagar | 0 | 1.690 | 07/24/2011 - 19:05 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | A madrugada é uma flor | 0 | 2.525 | 07/23/2011 - 19:23 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | Deitado com os braços no ombro imaginário | 0 | 1.524 | 07/21/2011 - 21:48 | Portuguese | |
Poesia/Song | Senhora fada madrinha | 0 | 2.028 | 07/20/2011 - 22:12 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | A casca do tremoço | 0 | 4.323 | 07/19/2011 - 20:10 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | A pátria presa ao carro de bois | 0 | 2.462 | 07/19/2011 - 14:39 | Portuguese | |
Poesia/General | O homem e o mar | 0 | 1.181 | 07/18/2011 - 20:00 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | Se Lisboa fosse assim | 0 | 2.303 | 07/18/2011 - 00:05 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | Se Lisboa fosse assim | 0 | 2.093 | 07/18/2011 - 00:05 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | Como vamos ficar | 0 | 2.598 | 07/14/2011 - 18:58 | Portuguese | |
Poesia/Love | Lembro aquela estrela | 1 | 1.677 | 07/13/2011 - 15:42 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | A cidade é o meu vazio | 0 | 1.452 | 07/13/2011 - 08:44 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | Os teus passos | 1 | 2.877 | 07/12/2011 - 20:15 | Portuguese |
Comments
Re: Agora que me ponho sol
Bom. Como sempre.
Escrito com sentimento e criatividade.
Abraço