A Ilha do Amor

Um dia um dragão
Cuspiu uma bola de fogo
E dessa bola saiu um coração.

E do coração, uma rosa fechada.
Peguei nela, atirei-a ao mar
E pedi-lhe para me ajudar
A encontrar a minha amada.

Ela foi boiando, boiando,
Até deixar de a ver.
De repente, começou a crescer,
A crescer, foi ficando
Cada vez maior e transformou-se numa ilha,
Na ilha do Amor!

Icei a vela da minha jangada e fui até lá.
Quando lá cheguei, não havia nada,
Não havia ninguém!

Não havia fronteiras,
Obstáculos, barreiras,
Não havia estradas,
Nem árvores arrancadas,

Não havia carros, aviões,
Nem filas, nem barulhos,
Nem confusões,

Não havia stress, nervosismo,
Terrorismo, egoísmo,
Ganância, ambição,
Gente sem coração
Que só pensa em dominar,
Magoar, matar!

Não havia sofrimento,
Ódio, tormento nem dor,
Só havia uma flor!

Perguntei-lhe então
Onde estava a minha amada,
Mas ela não respondeu.
Foi então que percebi
Que a minha amada estava mesmo ali.

A Natureza era o meu amor.
Não conseguia viver sem ela,
Estava preso somente a ela.

Mais ninguém me prendia,
Nada mais me sufocava
E finalmente livre respirava!

O meu único limite era o mar
Mas o dragão levou-me novamente a voar.

Já não tinha mais limites,
Naquela Ilha do Amor,
E então, voei livre e feliz
Até ao sol da minha vida se pôr!

José Vidas
2002