Anacronia Noturna

Súbito desperto no meio da noite.
Cai nas costas do mundo tal um açoite
A chuva, põem-se injuriados a chiar
Os paralelepípedos ante os fatos
Contudo à cara enfiam-lhe os sapatos...
E inda não sei o que veio a me acordar.

Não me desperta todo o frio do mundo,
Não sob um fino lençol imerso fundo
Tal a alma nas suas mortalhas carnais
Que das macumbas tão bem a protege
Quanto (d)as bençãos: entropia que rege
Além do horizonte de olhos mortais.

Não desperto uma cãibra tal uma faca
Meu bícepes destro covarde ataca,
Em silêncio rogo um palavrão;
Percebo que o choro não mais se eleva;
Que mantêm a sua densidade a treva
Somente, aos meus olhos como um ladrão...

Não via mais manchas pelo firmamento...
Talvez sonhasse naquele momento
Que no tal momento talvez sonhasse.
Talvez como nos tempos de menino
Em que febril era como se o Destino
Diante de mim se materializasse!..

...Claro... a cãibra! que no esforço antropofágico
Me salvou, tal uma hiena presa ao seu trágico,
De sob a minha cabeça o relógio
Que passo a passo em sua caixa titânica
Maldita tal numa procissão satânica
Prega ao calar da noite o meu necrológio!
05 de outubro de 2012  -  22h 22min
João Pessoa  -  Paraíba  -  Brasil

Adolfo J. de Lima

Submited by

Saturday, October 6, 2012 - 06:59

Poesia :

Your rating: None (2 votes)

Adolfo

Adolfo's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 1 year 15 weeks ago
Joined: 05/12/2011
Posts:
Points: 3582

Comments

Adolfo's picture

Tic. Tac. Tic. Tac. Tic. Tac.

Tic.
Tac.
Tic.
Tac.
Tic.
Tac.
Tic.
Tac.
Tic.
Tac.
Tic.
Tac.
Tic.
Tac.
Tic.
Tac.
Tic.
Tac.
Tic.
Tac.
Tic.
Tac.
Tic.
Tac.
Tic.
Tac.
Tic.
Tac.
Tic.
Tac.
Tic.
Tac....

Add comment

Login to post comments

other contents of Adolfo

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia/Sonnet Se o nosso merecido reconhecimento 0 1.822 12/31/2012 - 14:21 Portuguese
Poesia/Sonnet Que será de mim? 0 1.507 12/31/2012 - 14:12 Portuguese
Poesia/Sonnet Somente depois de morta 0 1.932 12/30/2012 - 23:46 Portuguese
Poesia/Dedicated Piercing 0 2.522 12/24/2012 - 01:09 Portuguese
Poesia/Sonnet Calo 0 2.022 12/23/2012 - 23:44 Portuguese
Poesia/Dedicated Ousado eu? 0 1.741 12/14/2012 - 02:28 Portuguese
Poesia/Sonnet Vela de cera 4 1.728 12/11/2012 - 23:32 Portuguese
Poesia/Sonnet Copo minguante 0 2.215 12/09/2012 - 21:29 Portuguese
Poesia/Sonnet Cinza 0 2.224 12/09/2012 - 01:19 Portuguese
Poesia/Thoughts Dístico da Anjiquinhos 0 2.252 12/08/2012 - 06:02 Portuguese
Poesia/Sonnet Soneto feito de traição V 1 2.127 12/03/2012 - 16:42 Portuguese
Poesia/Sonnet Pois os extremos foste 0 2.104 11/30/2012 - 20:17 Portuguese
Poesia/Thoughts Versos Universias VIII 0 2.396 11/29/2012 - 21:05 Portuguese
Poesia/Thoughts Versos Universais VII 1 1.976 11/29/2012 - 16:57 Portuguese
Poesia/General Poesia convulsionada 3 1.175 11/27/2012 - 16:56 Portuguese
Poesia/Sonnet Soneto feito de traição 2 1.995 11/27/2012 - 16:43 Portuguese
Poesia/Sonnet A Existencialidade das crises ou crises existenciais 0 1.693 11/26/2012 - 23:37 Portuguese
Poesia/Meditation Versos Universais VI 1 2.333 11/23/2012 - 18:54 Portuguese
Poesia/Dedicated À timidez dos cabelos escovados 2 2.075 11/22/2012 - 22:09 Portuguese
Poesia/Dedicated Sexteto à minha avó Joana 0 1.391 11/21/2012 - 02:22 Portuguese
Poesia/Thoughts Deathmetal 1 2.286 11/17/2012 - 18:22 Portuguese
Anúncios/Miscellaneous - Offers 17 0 6.262 11/17/2012 - 07:52 Portuguese
Poesia/General 17 0 2.744 11/17/2012 - 07:49 Portuguese
Poesia/Intervention "É fácil falar em abortar, Afinal você já nasceu." 2 5.502 11/15/2012 - 19:58 Portuguese
Poesia/Intervention Estágio 2 1.957 11/13/2012 - 20:54 Portuguese