Sangria

Portas e janelas sem paisagens, lâmpadas sem brilho, algo na solidão á seduz. Não há mistério que seja tão grande quanto o seu ego. Passam lentamente as horas, passam lentamente os pensamentos e nada além de paredes cheias de palavras sem sentido, riscadas em algum momento ou por meio de um possível suspiro.
O frio parece aconchegante, o chão parece confortável, seus dedos dilacerados pelas verdades, não apresentam qualquer saída. Seu corpo treme, seu gemido é apenas de dor, algo invisível á todos, tortura deliberadamente seu sentimento.
Um ou dois gritos que como laminas afiadas, rasgam o vazio. Libertando-a de forma inútil da prisão que se tornou seu próprio corpo. Sua imagem se debate entre as paredes, deixando seus olhos marejados de aflição, algo além de sua própria vontade deseja explodir dentro de si.
Todos estão fora de controle, seus pensamentos, seus desejos, suas lagrimas, seus sorrisos, suas dores e seus dentes. No universo limitado de seu corpo, aos poucos não sobram caminhos inteiros para seguir.
Recai sobre si o peso da duvida, exala em seus poros o medo. Lentamente consumindo-a por desejos tão pesados que as sobras não serviriam de banquete aos urubus. Não se houve mais o irritante ponteiro das horas, que a cada volta lhe lembrava o que almejava esquecer, destruir.
Não restam forças, não lhe deixaram sonhos possíveis, seus joelhos por hora castigados, não conseguem levantar. Tudo aos poucos some, em seu olhar se perde qualquer linha que á trate como ser humano, que seja um guia, um horizonte. Saídas possíveis se tornaram pesadelos distantes, lentamente se torna invisível, á única sensação que agora sente é de seu próprio sangue. Forjando sua cama, seu ultimo descanso.

Submited by

Tuesday, January 22, 2013 - 16:32

Prosas :

No votes yet

Pablo Gabriel

Pablo Gabriel's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 4 years 6 weeks ago
Joined: 05/02/2011
Posts:
Points: 2944

Add comment

Login to post comments

other contents of Pablo Gabriel

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Críticas/Miscellaneous O futebol é simples, complicado são os esquemas táticos. 0 5.045 05/24/2021 - 14:23 Portuguese
Poesia/Meditation [A mesa está posta] 0 2.553 05/13/2021 - 20:02 Portuguese
Poesia/Meditation [Nós] 0 4.105 01/11/2021 - 14:44 Portuguese
Poesia/Meditation [Neon] 0 2.952 07/23/2020 - 14:32 Portuguese
Poesia/Passion [Negra] 0 3.371 05/22/2020 - 18:23 Portuguese
Poesia/Meditation [Pulsar] 0 3.294 04/30/2020 - 19:43 Portuguese
Poesia/Meditation [Teias] 0 4.857 03/16/2020 - 14:24 Portuguese
Poesia/Thoughts [As vozes] 0 4.028 02/12/2020 - 19:15 Portuguese
Poesia/Meditation [Vento] 0 4.981 02/10/2020 - 14:13 Portuguese
Poesia/Thoughts [Queda] 0 4.257 01/23/2020 - 20:15 Portuguese
Poesia/Love [Invisíveis] 0 3.875 01/06/2020 - 18:06 Portuguese
Poesia/Meditation [Casas invisíveis] 0 6.043 12/13/2019 - 17:59 Portuguese
Poesia/Meditation [PÓ] 0 5.620 12/09/2019 - 15:01 Portuguese
Poesia/Thoughts [A hora mais escura] 0 4.484 09/27/2019 - 18:59 Portuguese
Poesia/Thoughts [Urubus] 1 4.402 09/27/2019 - 13:24 Portuguese
Poesia/Thoughts [Fantasma] 0 4.006 09/19/2019 - 21:31 Portuguese
Poesia/Love [Teus lábios] 0 5.179 08/15/2019 - 15:01 Portuguese
Poesia/Meditation [Á deriva] 0 5.974 05/08/2019 - 15:29 Portuguese
Poesia/Meditation [Vazios] 0 5.610 04/03/2019 - 21:00 Portuguese
Poesia/Meditation [Círculos] 0 6.204 03/12/2019 - 17:34 Portuguese
Poesia/Meditation [Mundo] 0 5.792 12/07/2018 - 20:47 Portuguese
Poesia/Meditation [Curtido] 0 6.818 11/26/2018 - 20:20 Portuguese
Poesia/Meditation [Caminhar] 0 3.873 11/21/2018 - 14:21 Portuguese
Críticas/Miscellaneous [A filosofia do povo] 0 8.953 10/30/2018 - 14:13 Portuguese
Poesia/Meditation [Morto] 0 7.755 10/25/2018 - 19:56 Portuguese