REPASTO DE ESQUECIMENTO

Sem porquê nem poder,

sem música nem fado

por céus divididos pelas fatias do tempo

ceifado até pó deitado ao passado,

onde seivas de nada escorrem

por todo o lado,

fechado num momento mordido

por cada pedaço da sua primitiva passagem,

sem vertigem nem miragem,

frias Primaveras nos prados do olhar,

de vistas cegas quão infinitas,

de aragem irrequieta,

de danças bonitas,

andanças aos gritos no peito

como que uma casa cheia de vazias luzes

num rio de cruzes e sede,

chegar como que uma rede de dor

que nos envolve,

amar que nos mata e nos dissolve

em poesia e silêncio

num repasto de esquecimento.
.
.
Henrique Fernandes

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Tuesday, January 27, 2015 - 22:48

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