Sentido negado, desejo exaltado

Dolorosa é a volúpia da minha rosa ansiosa
por ter-te em vigor, em verso e em prosa
Dolorosa é ânsia de saciar o louco desejo
que tenho quando em letras imagino, vejo.

Vejo-te:

Postar-te em solitária, carcerária, confortável cadeira
expectante, extasiado, na ânsia, torcendo em crença
nu, vendado, preso, atado com seda suave , verdadeira
inalando o meu odor exalado prenunciando, prazerosa presença.

Ouvindo... apenas ouvindo, à pele, o tato cingindo
cego sem poder enxergar, obliterado, olfando
exaurindo pouca sanidade, delírio louco emergindo.
imobilizado, sem poder apalpar, alucina ansiando.

Absorvendo meu corpo, o exalar, arauto anunciando
ouvindo em passo distante o aproximar, esgueirando
provocando um leve roçar quente, o corpo queimando
minha pele escalda a boca à recusa, eu negando.

Dou-te um pouco, desejo à alimentar, meu seio
vejo-te louco a sugar voraz sovendo, ardendo
floresce minha rosa, mas não deixo colher, receio
ficas ereto, louco, animado, insano, querendo.

Então fauno irado, descontrolado, soltas-te inteiro
apenas vendado, pegas meu corpo, brutal entropia.
Teu músculo doloroso parte-me, fletindo-me ao meio
pegas-me frontalmente, entrego-me gemente, sacia...

Cegas-me de tanto desejo, fecho os olhos, não vejo
sento-me á tua cela, desfraldo minha vela, louca
puxas-me forte, vertigem, tiras-me o norte, arquejo
beijo-te insana, aflita e humana, calo à boca.

Desliso minha mão sequiosa em tuas costas, sedosa
cravo minhas garras em tua pele, machuco, não fere
pegas-me pelas as ancas mostras-me força, graciosa
És meu único dono, soberano senhor, que prazer confere.

Entrego-me à tua vontade, súplica incoerente,
és meu dono, és amante, és poeta de desejo amoral
eu sou tua, sou musa, mulher confusa, florescente
és saciedade profusa de meu desejo, vão e carnal.

És meu suplício, meu amor em letras, imortal
meu desejo, calor onde evaporo, meu corpo banal
Desejo saciado, com muso imaginado, imaterial
Meu gozo versado, sentido, pulsado, nascido ao natural...

Da série muso imaginário

Submited by

Tuesday, December 15, 2009 - 06:11

Poesia :

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analyra

analyra's picture
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Comments

Conchinha's picture

Re: Sentido negado, desejo exaltado

Se poesia é fazer sentir, este é um belo poema, porque senti.
bjo

ÔNIX's picture

Re: Sentido negado, desejo exaltado

"és meu dono, és amante, és poeta de desejo amoral
eu sou tua, sou musa, mulher confusa"

Analyra

Muito bom este poema. Gosto de te saber, musa, amante, mulher "confusa"?

Uma partilha interessante

Adorei o poema

beijos

Matilde D'ônix

Dianinha's picture

Re: Sentido negado, desejo exaltado

Sublime!
Começa-se a ler e não se para mais... Da uma vontade de saber o final...

Muito sedutor este seu poema!
Adorei...

Beijinho!

MarneDulinski's picture

Re: Sentido negado, desejo exaltado

LINDO POEMA, ONDE DESTACAS TEU RELACIONAMENTO AMOROSO E SENSUAL, COM O TEU HOMEM VIRTUAL!
Meus parabéns,
MarneDulinski

Librisscriptaest's picture

Re: Sentido negado, desejo exaltado

Ana...
Nem sei que lhe diga...
Está soberbo...
Pinta com as palavras e como sabe misturar as cores!
Muitos Parabéns!
Se eu perceber como se faz, (ainda sou um bocadinho tansa aqui na WAF e ainda ando a descobrir como se faz o quê..)vou meter nos meus favoritos, caso não corra bem e eu não descubra, fica a intenção!
Beijinho em si!
Inês Dunas

Betofelix's picture

Re: Sentido negado, desejo exaltado

Denso, com um toque de furor, ebulição crescente. Sublime descrição. Parabéns.

TiagoLuz's picture

Re: Sentido negado, desejo exaltado

Que escrita mais ardente e envolvente.
Você surpreende a cada dia. Não tenho palavras

Beijo

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