A chaga

Sinto dor, muita dor!
Uma chaga abre-se em meu coração.
Palpita, agita-me,
em bradi ou taquicardia.

Abrigo esta dor, dor surda!
E meu sangue que banha
esta chaga miocárdica,
que aos poucos vai me consumindo.

Toda dor tem seu mistério,
O segredo da minha dor é simples,
não é física, será química?
é fermento da paixão, já não sei.

Minha chaga irrompeu nas mãos, no adeus
O seu vetor espalhou toda uma legião
de incontáveis parasitas pelo ar, em qualquer
região concreta ou abstrata do viver...

Meu sangue latino,
rubro qual meu rubor facial
mudou de cor,
e em verde se transformou.

Senti a vida aflorar
nos pequeninos grãos de areia da praia
ora brilhantes, ora opacos na sombra
oscilando entre o branco e o negro

Já não consigo discernir
o canto dos pássaros.
Tudo é uma orquestra divina,
maravilhosa combinação de sons, cores, amores.

A fase aguda durou pouco
Como todos os bens e males,
A gente só avalia
Depois que por eles passa.

Se bem que para o mal do amor,
O melhor remédio é o bem que faz outro amor.

AjAraújo, o poeta humanista, escrito em novembro de 1975.

Submited by

Tuesday, February 2, 2010 - 13:15

Poesia :

No votes yet

AjAraujo

AjAraujo's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 7 years 10 weeks ago
Joined: 10/29/2009
Posts:
Points: 15584

Comments

AjAraujo's picture

"Se bem que para o mal do

"Se bem que para o mal do amor,
O melhor remédio é o bem que faz outro amor."

.

RobertoEstevesdaFonseca's picture

Re: A chaga

Parabéns pelo lindo poema.

Gostei muito.

Um abraço,
REF

MarneDulinski's picture

Re: A chaga

LINDO POEMA, GOSTEI MUITO!

Se bem que para o mal do amor,
O melhor remédio é o bem que faz outro amor.

Meus parabéns,
Marne

Add comment

Login to post comments

other contents of AjAraujo

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia/Meditation Poemas Portugueses - 4 (Ferreira Gullar) 0 1.409 06/02/2011 - 11:43 Portuguese
Poesia/Intervention Primeiros anos (Ferreira Gullar) 0 1.079 06/02/2011 - 11:41 Portuguese
Poesia/Thoughts Lembrete (Carlos Drummond de Andrade) 0 6.669 06/01/2011 - 19:42 Portuguese
Poesia/Intervention Poética (Vinicíus de Moraes) 0 2.223 06/01/2011 - 19:40 Portuguese
Poesia/Meditation Meu povo, meu poema (Ferreira Gullar) 0 3.374 06/01/2011 - 19:38 Portuguese
Poesia/Intervention Uma luz no chão (Ferreira Gullar) 0 6.868 06/01/2011 - 19:31 Portuguese
Poesia/Thoughts Alma & Palavra - Pensamentos (Fernando Pessoa) 0 1.297 06/01/2011 - 19:23 Portuguese
Poesia/Dedicated Papel Molhado (Mário Benedetti) 0 2.531 06/01/2011 - 19:18 Portuguese
Poesia/Intervention Currículo (Mário Benedetti) 0 1.284 06/01/2011 - 19:15 Portuguese
Poesia/Meditation Lento, mas vem (Mário Benedetti) 0 4.853 06/01/2011 - 19:07 Portuguese
Poesia/Meditation Por que cantamos? (Mário Benedetti) 0 3.826 06/01/2011 - 19:04 Portuguese
Poesia/Intervention Rosto de ti (Mário Benedetti) 0 1.930 06/01/2011 - 18:57 Portuguese
Poesia/Aphorism Xadrez (Jorge Luis Borges) 0 2.528 05/29/2011 - 19:00 Portuguese
Poesia/Dedicated O Suicida (Jorge Luis Borges) 0 3.226 05/29/2011 - 18:57 Portuguese
Poesia/Intervention Everness (Jorge Luis Borges) 0 4.719 05/29/2011 - 18:54 Portuguese
Poesia/Intervention A chuva (Jorge Luis Borges) 0 1.722 05/29/2011 - 18:52 Portuguese
Poesia/Intervention Um cego (Jorge Luis Borges) 0 5.395 05/29/2011 - 18:50 Portuguese
Poesia/Intervention A estrada que não tomei (Robert Frost) 1 14.405 05/29/2011 - 18:37 Portuguese
Videos/Poetry A compreensão, ensaio visual com fotos de Sebastião Salgado, música incidental de H. Delmiro (José Saramago) 0 12.029 05/29/2011 - 14:09 Portuguese
Videos/Poetry Janela da Alma (José Saramago) 0 18.888 05/29/2011 - 14:02 Portuguese
Poesia/Intervention O ninho exposto (Robert Frost) 0 3.794 05/29/2011 - 13:49 Portuguese
Poesia/Meditation Passando incógnito (Robert Frost) 0 1.968 05/29/2011 - 13:45 Portuguese
Poesia/Love Devoção (Robert Frost) 0 2.950 05/29/2011 - 13:43 Portuguese
Poesia/Love Atado e Livre (Robert Frost) 0 1.615 05/29/2011 - 13:42 Portuguese
Poesia/Aphorism O pássaro cantor (Robert Frost) 0 3.122 05/29/2011 - 13:39 Portuguese