Em solo ébrio
O balcão é um travesti psicadélico ganido com paneleirices.
O meio da noite nauseado é uma audição perdida choramingada em modo bicha nos teus olhos cor de whisky…
Ficas para estas merdas a ulcerar o estômago ás horas da casa vazia.
É a noite descendente…
O gajo pede-te um beijo… e ele ala porta fora a torcer quatros nas pernas.
A chuva é uma incerteza que não aponta caminhos…
Aquele emaranhado de duas chaves está multiplicar figuras na tua gazua etílica.
Com os pés atmosféricos qual o hélio dos balões, dás passos maiores que pernas a bater junto no chão.
Estás prostrado num charco em sangue nos dedos do abandono.
Ninguém…
A rua é um ninguém!
Serena calma assassina nas tuas mãos de plasma, Arh-não sei o quê de lágrimas secas á lua.
Estás tão só que um funeral te pareceria uma festa.
Lês: “Fumar pode reduzir o fluxo de sangue e provoca impotência”…
Concluis em pertinência com o teu estado, que precisas estancar o jorro sanguíneo.
Como já te fodes-te todo acendes um cigarro para enxugar o sangue e a saliva rumorosa que te escorrega em cascata…que se lixe o desempenho quando foge a tesão ás pernas.
Decides cantar…
É uma velha canção triste caída no passeio.
É a tua idade em fuga num delírio fora da chuva numa noite de verão.
Sonhavas sonhos…
Ela ainda morava neles com língua de amora e rum com Coca-Cola.
Agora não estás caído e és uma atenção querida num café do Bairro-Alto.
Tens o carro no Rossio onde cabe toda noite no bilhete de ida e volta.
Ela Salta-te ás cavalitas, enlaça-te o pescoço, Calçada do Duque abaixo.
É estrela mais fulgente no firmamento ígneo das vontades fecundantes…
Termo incerto do prometido etéreo vértice embusteiro que se diz amor eterno, que num suspiro acaba a cantar velhas canções.
Passam velhos, passam putos, almeidas e padeiros, duas gajas de gabardine…
Passa o barman ao largo do vómito incontido que espalhou sonhos pelo chão.
Um travesti travestido de humanas vontades levanta-te da calçada.
Sentas um muro de abandonos e amanhecem a cantar velhas e tristes canções.
Não choramingas beijos só um abraço de gente, que te pare o sangue em chuva…
Estás sozinho e magoado com copos atravessados…
A verter lágrimas de whisky.
Submited by
Poesia :
- Login to post comments
- 1162 reads
Add comment
other contents of Lapis-Lazuli
Topic | Title | Replies | Views |
Last Post![]() |
Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Aphorism | Imparável movimento dos cegos | 1 | 1.017 | 02/07/2010 - 19:13 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | Adeus Bonequinha...( escrito póstumo) | 6 | 1.010 | 02/07/2010 - 18:05 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | Um cão morto na estrada | 7 | 949 | 02/07/2010 - 12:18 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | Oração | 9 | 1.548 | 02/06/2010 - 21:50 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Horizontes contínguos | 1 | 1.101 | 02/06/2010 - 01:23 | Portuguese | |
Poesia/General | O crepúsculo da dialéctica | 2 | 929 | 02/05/2010 - 15:29 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Sorriso | 5 | 1.675 | 02/04/2010 - 22:46 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | IRA | 3 | 1.109 | 02/04/2010 - 05:58 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | Manuel do Povo...na Póvoa da morte | 1 | 1.257 | 02/04/2010 - 04:31 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | EU | 2 | 1.078 | 02/03/2010 - 23:13 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | Glaciares | 2 | 2.114 | 02/03/2010 - 22:55 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | O ar é de todos | 1 | 1.104 | 02/03/2010 - 22:43 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Eu por um pouco de lítio | 1 | 1.276 | 02/03/2010 - 13:57 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Viagem | 3 | 1.305 | 02/02/2010 - 15:10 | Portuguese | |
Poesia/Love | ...e de amor ás vezes | 1 | 929 | 02/02/2010 - 04:09 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | Balada dos pés descalços | 1 | 1.132 | 02/01/2010 - 20:19 | Portuguese | |
Poesia/Love | Margem Sul | 1 | 1.243 | 01/31/2010 - 22:23 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | Onze e vinte | 3 | 1.115 | 01/31/2010 - 21:21 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | Requiem por um peido | 8 | 1.615 | 01/31/2010 - 21:14 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | Fascismo nunca mais! | 13 | 1.200 | 01/31/2010 - 16:18 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | Braços | 1 | 2.068 | 01/29/2010 - 04:11 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | O mundo é um manicómio | 2 | 1.118 | 01/27/2010 - 21:36 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | Ergo do sol em ódio | 2 | 687 | 01/27/2010 - 03:07 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | Sempre em luta | 3 | 1.170 | 01/25/2010 - 03:50 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | Lady Nagasaky | 1 | 1.107 | 01/24/2010 - 23:20 | Portuguese |
Comments
Re: Em solo ébrio
Bom poema!!!
:-)