o entendimento completo da morte.

Fico suspenso na água
a noite cheira a rosas e o milagre da pobreza
é deixar cair o incognito perfume dos olhos.

Suspenso na água e de patas penduradas no hemisfériO

tento refazer o mundo. É este o sinal para accionar as transformações do corpo.

Suspenso na água vejo os meus olhos
e não são os olhos que vejo
mas a água.

Não ter segredos é simples
o mistério de morrer é esperar e entre o mistério do que se espera
e o inesperado de não se saber onde ficaram os olhos nós tentamos e o tentar é a imperfeita conjugação de pensar que qualquer coisa é a sensação particular das coisas comuns.

Não ter rotina é morrer as coisas comuns fazem falta á paixão.

Fico suspenso na água e de pernas para o ar imagino-me um poeta que recita uma canção na sola dos sapatos velhos. Aquele barulho, aquele andar da multidão que parece que mexe, que parece que anda e que muda de posição quando parece estar a despir a terra e a terra fica nos sapatos como a musica nos dedos ou simplesmente como a respiração que se vai do corpo.

Fico suspenso na água
a noite cheira a rosas bravas
existir é ter cuidado e ter cuidado é desfolhar o amor e não ter cuidado é a unica atenção que o amor precisa para se equilibrar pois nunca se sabe como os homens se equilibram e contudo sabemos que encontram uma certa firmeza.

Assim o mar
assim o amor e todas as coisas misturadas.

Os homens livres e os outros e as mulheres para que não se diga que falta uma cor.

E é sempre a natureza esse milagre
essa transformação do cisne feio
no amor verdadeiramente universal e poderoso.

Não há nada que o amor não faça

para espantar os homens comuns e esse é o milagre do amor e isso é não entender nada e ter no entanto uma qualquer admiração que fosse o entendimento completo da morte.

lobo

Submited by

Saturday, June 12, 2010 - 17:41

Poesia :

No votes yet

lobo

lobo's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 7 years 23 weeks ago
Joined: 04/26/2009
Posts:
Points: 2592

Add comment

Login to post comments

other contents of lobo

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia/Dedicated O noite vem vestir o povo 0 1.977 07/11/2011 - 08:21 Portuguese
Poesia/General A noite é uma mosca 0 2.275 07/10/2011 - 08:50 Portuguese
Poesia/Dedicated Estás dentro do poço 1 1.799 07/09/2011 - 17:18 Portuguese
Poesia/Love Anda não fiques ai 0 2.201 07/08/2011 - 08:00 Portuguese
Poesia/General De que amarga água 1 2.274 07/07/2011 - 02:55 Portuguese
Poesia/Dedicated Os bichos e as pessoas 0 2.296 07/05/2011 - 10:28 Portuguese
Poesia/Dedicated Escrevem na pele com tinta limão 0 2.334 07/04/2011 - 13:31 Portuguese
Poesia/Thoughts Como se faz para levantar o corpo 0 2.291 07/03/2011 - 14:18 Portuguese
Poesia/General A morte da mulher do dono do hotel 0 2.843 07/03/2011 - 12:59 Portuguese
Poesia/Thoughts Os dias marcados no corpo 0 2.508 07/02/2011 - 22:15 Portuguese
Poesia/Love Fim 1 1.730 07/01/2011 - 22:48 Portuguese
Poesia/Thoughts Vamos juntar palavras 1 1.814 07/01/2011 - 17:07 Portuguese
Poesia/Love O amor se escondeu 0 1.618 07/01/2011 - 09:16 Portuguese
Poesia/Dedicated Volto no mar 0 2.327 06/30/2011 - 08:44 Portuguese
Poesia/Thoughts A lembrança é uma faca 2 1.097 06/29/2011 - 23:58 Portuguese
Poesia/General Os barcos que se perdem dos rios 0 1.957 06/27/2011 - 17:21 Portuguese
Poesia/Aphorism O fogodas mãos 0 1.889 06/26/2011 - 20:35 Portuguese
Poesia/Love Vou virar essa carta pra ti 0 1.600 06/26/2011 - 13:32 Portuguese
Poesia/Poetrix A transparencia ou o outro modo de criar um pacto 0 1.593 06/26/2011 - 09:09 Portuguese
Poesia/General Vou-te contar menino 1 1.882 06/25/2011 - 17:45 Portuguese
Poesia/Erotic Como era aquele movimento 0 1.879 06/24/2011 - 22:09 Portuguese
Poesia/Thoughts Vou sacar um cigarro 0 2.034 06/24/2011 - 19:51 Portuguese
Poesia/Fantasy Quando se prova a folha da coca 0 3.059 06/24/2011 - 16:12 Portuguese
Poesia/General As lagartas andam no deserto 0 1.971 06/24/2011 - 14:51 Portuguese
Poesia/Thoughts Como me soubesse a triste 1 2.494 06/24/2011 - 09:32 Portuguese