Conselho a uma gralha triste

Pobre gralha triste
incauta insiste
em cantar...
mas grasna triste, rancorosa, pelo ar

Observando os rastros de seu amar
que foram devorado em pedaços
pelos passos de um pássaro
que canta livre a voar.

Gralha triste,
em versos insiste
seu rancor cozinhar...
Mas já morreu na carniça
de sua carne, mortiça
jogada no abismo,
no fundo do mar.

Pobre gralha triste
teu amor não existiu
e tu insiste
em tal qual pão azedo
ele fermentar.
Mas não há lêvedo
que o possa o fazer crescer
para tu o poder cozer
no fogo que trais
no teu versar.

Óh pobre gralha
apaga tua fornalha
pois essa massa-mortalha
nunca crescerá
nem nunca irá cozer
na graça
Resigna-te que ele passa
antes mesmo de tu grasnar.

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Wednesday, June 16, 2010 - 13:53

Poesia :

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analyra

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Comments

nunomarques's picture

Re: Conselho a uma gralha triste

Lindissimo poema Ana, com uma musicalidade que nos embala no canto triste de uma gralha inquieta.

Adorei.
Beijos
Nuno

ricardopacheco's picture

Re: Conselho a uma gralha triste

mais um belo momento de ispiração, refletido num poema com um excelente ritmo.
bjs

Gisa's picture

Re: Conselho a uma gralha triste

Pobre gralha triste, Oh! Ana, deixa que ela tenha o direito de também amar! Beijos no coração

Nyrleon's picture

Re: Conselho a uma gralha triste

Muito bem arquitetado, rítmico.
As palavras dançam, no canto da gralha.
Abç!

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