Escrito nas estrelas

Sóis se desfazem em horizontes intáveis, nada razoáveis...

A chama flamejante do sol mergulha em um mar revolto, tingindo de púrpura o céu que se desfaz em infinitos flocos lacrimosos de saudade e ilusão.

A vida continua lenta nos trilhos do vale da sobrevivência, a Maria-Fumaça rítmica engole seu fogo, transmuta ele em movimento enquanto o mundo gira.

Não se volta estação. O trilho corre em um sentido, o sol põe-se no horizonte reverso para amanhecer em um verso que reverbera a cada alvorecer esperando outro verso para, quiçá, ser um dia estrofe. (mas quem ousa dizer que apenas um verso não é um poema?)

E assim gira o sol em outros fusos e a terra para, pois é necessário tempo para tudo entrar em órbita.

Nesta inóspita atmosfera de fumo e solidão em que entrego-me novamente a Morpheu as estrelas há muito já foram dormir, resta-me apenas a lembranças que elas existem viajando no céu em suas trajetórias próprias e imutáveis.

Nós simples humanos, as olhamos aqui de baixo e vemos, achamos, que o céu todo brilha só para nós. Nos esquecemos que cada estrela é uma estrela antes de ser constelação. Uma estrela solitária é aquela que compete apenas com o sol da manhã, por muito pouco tempo, a medida tênue de um alvorecer no verão

Cerro meus olhos esperançosa em acordar com um pássaro tocando violino na minha janela, mesmo tendo eu vênus em quadratura com marte e a lua em leão.