o tempo e a espera

O que eu vejo? Um velho. Carcomido pelo tempo. Panóplia de horas que se juntam para que ele crie aquela cara rugosa, o que lhe resta do cabelo branco, os olhos cansados, as mãos gastas. O tempo. è o tempo que o muda e que o faz viver. Porque não tem mais nada à frente. apenas uma janela para ver a pradaria, uma guitarra onde pode compôr lamúrias, uma lareira onde o fogo é quente.

Mas de resto a poesia já o abandonou. e ali está ele naquele seu último bastião a esperar que o tempo acabe. Que o leve e lhe tire a réstia mínima de esperança que ele tem em poder ser digno quando morrer. A espera é tudo o que lhe resta para poder partir. Tudo o resto já lhe venceu: a mulher que se separara haviam mais de 30 anos, os filhos que se moveram para paragens distantes, os netos que nem conhecera. Desde há décadas que era ele e o tempo, ele e a espera, ele e a morte. Dóia-lhe? sim. Mas sabia que era o merecido depois de uma vida recheada de aventuras pouco condignas de um homem.

Depois de tudo vinha a redenção. Depois de tudo vinha o fim. a morte. E a dor desaparecia como nuvem branca no meu do azul céu. Esperaria sim...ele não merecia ser levado rapidamente. e quando maior fosse o seu sofrimento, maior era a esperança que um dia, um qualquer dia, alguém lhe dissesse as palavras defronte da sua sepultura: "eu perdoo-te".

Submited by

Sunday, November 29, 2009 - 07:01

Prosas :

No votes yet

cherub-rocker

cherub-rocker's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 2 years 46 weeks ago
Joined: 11/23/2009
Posts:
Points: 405

Comments

RobertoEstevesdaFonseca's picture

Re: o tempo e a espera

Parabéns pelo belo texto.

Gostei.

Um abraço,
REF

Add comment

Login to post comments

other contents of cherub-rocker

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia/Thoughts at tallab 0 1.352 10/18/2011 - 02:08 Portuguese
Poesia/Thoughts dimensão 0 1.152 09/29/2011 - 17:38 Portuguese
Poesia/Disillusion oawkood destroyed 0 1.463 08/22/2011 - 20:45 Portuguese
Poesia/Thoughts camden sem luz. 0 1.166 08/20/2011 - 06:45 Portuguese
Poesia/Thoughts brinches selfdestruct 0 1.259 07/18/2011 - 21:57 Portuguese
Poesia/Thoughts malha branca 0 1.264 06/07/2011 - 18:40 Portuguese
Poesia/Thoughts caixa. 1 1.452 05/01/2011 - 22:35 Portuguese
Poesia/Meditation multiplicar. 1 1.636 04/28/2011 - 20:37 Portuguese
Poesia/Meditation paisley em tom infinito. 0 1.495 04/26/2011 - 15:11 Portuguese
Poesia/Meditation sorriso do fim 0 1.245 04/15/2011 - 19:44 Portuguese
Poesia/Passion todo o tempo. 0 1.864 04/06/2011 - 01:48 Portuguese
Poesia/Meditation sem ponta. 0 1.329 03/14/2011 - 04:24 Portuguese
Poesia/Intervention resistência 0 1.402 03/12/2011 - 13:28 Portuguese
Poesia/Passion verdade inoperante - primeiro tributo m. 1 1.296 03/05/2011 - 11:33 Portuguese
Poesia/Passion kealia 1 1.459 03/04/2011 - 12:09 Portuguese
Poesia/Intervention pressão 1 1.331 03/02/2011 - 12:16 Portuguese
Poesia/Meditation 2099 detroit. 0 1.498 02/28/2011 - 18:53 Portuguese
Poesia/Disillusion Kolmanskop 0 1.407 02/10/2011 - 06:59 Portuguese
Poesia/Disillusion caldo 0 1.204 01/24/2011 - 12:05 Portuguese
Poesia/Thoughts decisão fechada ou Pura e Áspera Decadência Resiste Avidamente Depois de Agosto 0 1.538 01/02/2011 - 06:59 Portuguese
Poesia/Thoughts segundo acto do louco amor. 0 1.595 01/01/2011 - 19:56 Portuguese
Poesia/Intervention binómio da clausura 0 1.325 12/29/2010 - 17:39 Portuguese
Poesia/Thoughts olhar cinzento. 1 1.147 12/28/2010 - 21:26 Portuguese
Fotos/Profile http://consequenceofsound.net/wp-content/uploads/2009/0 0 1.772 11/24/2010 - 00:53 Portuguese
Fotos/Profile 3071 0 1.666 11/24/2010 - 00:53 Portuguese