Strange XIII - Os mistérios do amor

As cegonhas vieram dos céus azuis profundos
para este complexo esquema de cores incomuns.
O cor-de-rosa dissipa-se rápido como acordar dos sonhos
dando lugar ao cinzento que os profetas previram,
aquando da sua viagem a bordo de uma agulha,
estendendo a linha do seus corpos numa costura moderna.
.
.
As línguas da lua já falaram comigo mais uma vez,
mas ao contrário das outras vezes em que as visitei à noite
viajando num comboio de alta velocidade,
não falaram de ti, nem mencionaram sequer o teu nome.
.
.
Estranho nos pés os sapatos colados e não cosidos,
estranho na boca um rebuçado de mentol e eucalipto,
já que nunca gostaste do sabor destes beijos,
nem sequer rodeada de minúsculas borboletas românticas.
.
.
O céu é já mais escuro mas há nele um amarelo suave;
ainda mais que a cor desta casa e deste muro
em que te escrevo, ao vento, o desalento que cresce em mim,
porque as cegonhas beijaram a lua.
- As cegonhas beijaram a lua e roubaram-na de mim!
.
.
Veio agora um morcego visitar-me
com flocos de nuvens nos olhos escuros.
- São os olhos do meu peito atravessado pela espada
radioactiva, que em fuligem se misturam e se juntam
ao luar. Em lume brando aquecem. entram em ebulição,
para que as lágrimas que surgem
desapareçam antes qye a alma se rasge sem permissão.
.
.
- Para quê falar das cegonhas já pousadas nas árvores,
ou do céu colorido qye via mudando de cor?
A linha que cose os mistérios a cada hora,
não sabe nem saberá...como remendar o amor!

 

rainbowsky

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Thursday, January 13, 2011 - 18:37

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