NADA A DIZER

Não há mais nada a dizer.
Quando a tinta não escorre livremente
na página em branco.
Quando nada do que digo me soa a verdadeiro.
Porque a verdade da vida é aquele olhar.
Aqueles olhos mortiços e assustados,
por já não saber onde está.
Como se chama? Quem sou eu?
E, a pergunta na voz trémula:
“Ainda falta muito para chegarmos a Portugal?”
faz-me esquecer os meus sonhos dourados...

Dedicado ao meu Pai

(doente de Alzheimer - fará 89 anos no dia 15 de Junho)

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