Eroticus III – Sonhos de Cabedal
Aparecem-me me fantasias,
Com roupas de aderente cabedal,
Raparigas de más companhias,
De rosto pintado, angelical.
Mostram mais do que ‘scondem os fatos,
Mostram a brancura duma pele
Ainda jovem, sobre uns sapatos
Co’um salto alto mais do que incrível.
E umas rendadas meias sobem,
Galgam por umas suaves pernas,
Presas por algumas ligas apenas,
Deixando ver parte da tez jovem.
E mais acima a intima parte
Tapa-se co’uma tanga de couro,
Que cobre aquele grande tesouro,
Conhecedor da divinal arte
Do prazer: dá-lo e recebê-lo
Está certo! Que assim é a vida.
E aquele montinho de pelo,
Ele sabe bem o que é a vida…
Bem sabe o que fazer p’lo amigo
Que o procura com ou sem capa.
Mais a norte no feminino mapa
Pulsava um mui ardente umbigo,
Que fazia uma ventral dança.
Perdia-se naquele vai e vem
Onde, sem dar sinais de mudança
Vê, como num ‘spelho, a imagem
Duns belos seios, duma outra dama
Que bailava à sua frente, nua
Também. Via um peito em chama
Ardente, redondo como a lua
Cheia; rubro como um belo rubi;
Suave como uma jovem pele;
Doce como o mais puro mel…
Uma forte chicotada senti!
Desaparecem os escrúpulos
Ao som dum estalante chicote,
Que me punha o peito aos pulos,
Desejando ver mais que o decote
Da camisa que tinham vestido
Entretanto. Então o desejo,
Juntando-se ao sangue já vertido,
Faz desaparecer todo o pejo
E lançamo-nos os três p’ro leito,
Não sendo necessário dizer
Tudo o que nós fomos nele fazer.
Se o é não o digo, pois meu jeito
Não me permite falar disso.
Imaginem vocês: três pessoas,
- um rapaz, duas miúdas boas –
Juntos na cama… qual o serviço
Que poderá fazer um grupo tal
Com chicotes, fatos de cabedal
E loucas fantasias sem igual?...
25-11-1994
Submited by
Poesia :
- Login to post comments
- 1784 reads
other contents of gaudella
Topic | Title | Replies | Views |
Last Post![]() |
Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Sonnet | Ser ou não ser, eis a questão | 1 | 772 | 03/29/2011 - 19:58 | Portuguese | |
Poesia/Sonnet | Neve branca e fria com fogo quente | 1 | 775 | 03/29/2011 - 14:16 | Portuguese | |
Poesia/Sonnet | Teu nome, loira desconhecida | 0 | 880 | 03/29/2011 - 03:10 | Portuguese | |
Poesia/Sonnet | Quem te pôs a cara machucada? | 0 | 741 | 03/29/2011 - 03:00 | Portuguese | |
Poesia/Sonnet | Amor | 0 | 635 | 03/29/2011 - 02:43 | Portuguese | |
Poesia/Sonnet | Vagueio sobre esta triste praia | 1 | 560 | 03/29/2011 - 02:41 | Portuguese | |
Poesia/General | Um dia no campo | 0 | 588 | 03/28/2011 - 18:02 | Portuguese | |
Poesia/Love | Renascer | 0 | 691 | 03/28/2011 - 00:37 | Portuguese | |
Poesia/Sonnet | Mas o que é que estou a fazer aqui? | 0 | 672 | 03/27/2011 - 23:39 | Portuguese | |
Poesia/Sonnet | Xanana, Xanana. Foste vendido | 0 | 562 | 03/27/2011 - 23:36 | Portuguese | |
Poesia/Sonnet | Uma passagem para a outra margem | 0 | 620 | 03/27/2011 - 23:30 | Portuguese | |
Poesia/Sonnet | Timor | 1 | 646 | 03/27/2011 - 23:02 | Portuguese | |
Poesia/Love | Entre Anjos | 1 | 842 | 03/27/2011 - 20:50 | Portuguese | |
Poesia/General | Fim do Império | 2 | 539 | 03/27/2011 - 14:08 | Portuguese | |
Poesia/Sonnet | Essência de um Poeta | 1 | 846 | 03/26/2011 - 10:41 | Portuguese | |
Poesia/Sonnet | É de manhã. Já a prima esfera | 0 | 669 | 03/26/2011 - 01:59 | Portuguese | |
Poesia/Sonnet | A força da pena vai-se perdendo; | 0 | 737 | 03/26/2011 - 01:56 | Portuguese | |
Poesia/General | Eu Rebelde | 0 | 796 | 03/26/2011 - 01:54 | Portuguese | |
Poesia/Sonnet | De que serve ganhar o mundo? | 0 | 603 | 03/26/2011 - 01:50 | Portuguese | |
Poesia/Sadness | Saudade | 0 | 690 | 03/26/2011 - 01:49 | Portuguese | |
Poesia/Love | Leonor foi à fonte | 1 | 852 | 03/26/2011 - 01:48 | Portuguese | |
Poesia/General | Os olhos choram o dano | 0 | 780 | 03/26/2011 - 01:47 | Portuguese | |
Poesia/Sonnet | Fim | 1 | 614 | 03/26/2011 - 01:43 | Portuguese | |
Poesia/Sonnet | Viana, meu suave degredo. | 0 | 735 | 03/26/2011 - 01:43 | Portuguese | |
Poesia/Sonnet | Traição | 0 | 684 | 03/26/2011 - 01:39 | Portuguese |
Add comment