PORTUGUESA

Acolhendo-te no colo
Sustenta-te nos braços
E abraça o teu pulso
E sente o coração
A bater, num suspiro
Num retiro de um susto, de um sopro
E o teu braço que se espreguiça solto
Segura um leque
E, por vezes, uma rosa
Ornamenta os teus negros cabelos.

Delicadamente e devagar
No seu tocar
Vai surgindo
um esboço,
a delinear as curvilíneas
do teu corpo
que foi finamente
esculpido
E ao longo de ti
Beleza insinuante
Em madrepérola
Embutidos diamante.

E tudo isto sem te acordar
Ao seu colo repousas nua, musa
No seu olhar
Que em ti bebe seu inspirar.

E ali, ele é teu ídolo
Para ele és idílica
E tu finges que não sentes que o teu amor
Te venera e idolatra
Numa eterna espera de que acordes
Onde seis sentidos acordes
Se encontram
Soltando as melhores notas
No eco da tua boca umbigo
Ao seu tacto
Ao seu toque
À sua respiração ofegante...inspiração olfacto.

Nenhuma nota
De ti se solta
Mas ele abre o caderno
Riscado a pautas
Brincando com sete notas
E sente
Abrindo, no tempo, uma pausa
E ao teu lado
Misterioso
Compõe um fado
Sem se deixar cair na tentação pecado de te despir
E o negro xaile
De solta franja ainda a rir
À flor da tua preciosa derme
Deixa emergir
madeira, que te veste
e reveste
E seu desejo olhar
Em sonhos te despe.

E tu nem notas
Que ele melodia compõe
Veleja ao teu lado
Te adivinha, e em ti, se insinua
Vizinho de ti
Assim semi-nua.

E inspira-se
Sussurrando um FADO, que é só vosso,
Afaga a tua tristeza
Deslindando a tua beleza
Coração de compositor
artista
E tu te revelas canção
Na tela de sombras
Numa ténue e tímida
Luz de vela acesa
Que sustém a chama do amor.

E o guitarrista a ti se declara
Diz que só a ti
Te AMA
No seu fado, sua dama,
declama a tua beleza.

Onde tu te revelas
Em várias facetas sua amada, sua namorada
Portuguesa de várias moradas
De Lisboa, de Coimbra, do Porto … de Braga.

Solidão Mulher
de singular BELEZA
Simplesmente, GUITARRA PORTUGUESA

Magda Graça