ODE A JUAN RAMÓN JIMENEZ

A fronte do crânio expande-se,
Em sossegos fátuos, sossegos
De brincar com as palavras,
Os beijos, e uma sensação de leveza
De protecção da alma com o corpo.
A corrente una, acérrima desse
Sossego cardíaco, medrou
Na chuva que te molhou
A escrita, o amor, a vida,
A idílica virtude, de à pena
Vibrarem histórias de tantas crianças…..

Como nascem destas estrelas
Ainda perdidas no firmamento do terror?
Terror, sim. A perversidade
Oposta ao poeta, a ti, júbilo
Aromático de flores,
Que se emancipam no parir.
Como tu existes para lá
Da fronteira rígida dos livros,
Na boca de um segredo pouco divulgado,
O segredo da bondade inata.
A poesia ósculo, de lábios
Gretados no coração!
A paz do éter que nos embala!
O génio, um enorme génio!

Na morte alguns vão, outros!
Tu ficas, na morte, vivo como
Semente sedenta de olhos e dizeres
Espantados e emocionados.
Respirar em nós o fulgor selvagem,
Iluminado em cascatas de genialidade!
És a cor, a água que mata a sede nefasta,
O ornato, o pranto de um sonho azul e meu,
Como são agora os poemas que de ti leio,
No escuro do corpo raso, que se vai abrindo
Na capela da voz inundada.
És tudo anjo protector,
Das boas lágrimas, que ainda
Valem ser choradas!