Não cheiro para não me seduzir
Homem e mulher estão olhos nos olhos. Homem- Está frio no entanto apetece a rua. Mulher- Se a noite chegasse á porta... se te suplicasse abrigo. Homem- Ela não vem deitarse conosco, não ocupa o lugar dos nossos sonhos, não se enerva com a nossa ansiedade. Mulher- Até quando me beijas a boca tens que pronunciar essas recordações. Homem- Que recordações?! Mulher- Os dias nucleares Homem- Isso não é comigo Mulher- Que pão comes que na tua boca já não tem gosto. Homem- Os anos na prisão fizeram-me esquecer o cheiro, não cheiro para não me seduzir. Mulher E o meu corpo a que cheira? Homem- A quente. Mulher - A quente?! Homem- A café e a cocaina. Mulher- Essa mistura faz enlouquecer.
Homem- A prisão é como um casamento, esperamos e de repente estamos amordaçados a uma cama, a um trabalho, depois cometemos um crime e somos apanhados.
Mulher- Apanhados!
Homem- Fizemos um pacto. A boa aparência dos nossos filhos para esconder todos os fracassos.
Mulher- E o amor?!
Homem- É sujo e util como um pedaço de lama.
Mulher- Nós sangramos no amor
Homem- Tanbém sangramos antes da morte.
Mulher- É uma coisa doce.
Homem- É estupido
Mulher- Tentar compreender faz-nos mal.
Homem- Dá-me as mãos! Tens os dedos asperos.
Mulher- É de jogar poquer. um dia enquanto jogava a policia encontrou um corpo inerte no rio.
Homem- Era um traficante de mulheres
Mulher- era.
Homem- Somos todos grandes traficantes, traficamos o sujo para que pareça limpo, masturbamo-nos da mesma maneira como rezamos, como pagamos os impostos.
Mulher - Acreditas no inferno.
Homem - Se poder ficar a olhar um corpo assim desenhado
Mulher- Queres foder-me?
Homem- Gostava de penetrar-te
Mulher- És indecente.
Homem - A lei está acima da moral, as nossas mães, as nossas irmãs, os patrões sustentam a boa aparencia.
Mulher- Não acreditas na justiça.
Homem A justiça é uma pedra que não fica á superficie.
Mulher- Nenhuma pedra fica á superficie. O meu amante, os meus filhos, só a solidão foi enterrada com o meu corpo, um dia em que eu me recordava muito velha, em que eu era muito feia e me sentia muito puta.
Homem- Esse teu ar fatal fica a condizer com o fumo afrodiziaco do churrasco.
Mulher- O clic da kodak e toda a familia a ejacular sorrisos.
Homem- O patrão a ejacular cinismo para o focinho do sindicato.
Mulher - De que lado estás?
Homem- Que nos faz a escassez do pão, que culpa temos de não conseguir-mos aprender os exemplos desta escola. Temos que ser bons militares, os bons militares tem cabelo curto, não se metem na droga nem tem piolhos. Os militares e os politicos são a merda mais limpa do cu, não esquecendo os Juizes.
Mulher- Vou mudar a musica.
Homem- Vou para casa
Mulher- Queres pão?
Homem- Não quero nada, vou dormir, não mais terei pesadelos, acordarei novo como um papel branco, assobiarei ao vento em tom de desafio, vou chamar-lhe de cavalo. A puta da vida vem a galope, as igrejas estão cheias e os teatros completamente vazios, o teatro deve ser nas igrejas.
Mulher- Estás a delirar,
Homem - Vou dormir antes que resolva morrer.
Submited by
Prosas :
- Login to post comments
- 3094 reads
other contents of lobo
Topic | Title | Replies | Views |
Last Post![]() |
Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Song | vens da rua | 0 | 2.696 | 10/26/2011 - 18:50 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | Criação | 1 | 1.633 | 10/25/2011 - 01:39 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | O medo não vai comer a liberdade | 1 | 2.163 | 10/14/2011 - 00:21 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | A bela adormeida | 2 | 2.519 | 10/13/2011 - 11:42 | Portuguese | |
Poesia/Love | Vais retocar a sobrancelha | 0 | 3.138 | 10/10/2011 - 12:37 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | A Virgem do parque | 1 | 3.006 | 10/08/2011 - 14:34 | Portuguese | |
Poesia/Disillusion | Fragilizar | 1 | 2.755 | 10/06/2011 - 16:34 | Portuguese | |
Poesia/Comedy | Aquele cigarro no lábio da formiga | 0 | 3.062 | 10/02/2011 - 21:28 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | Este lugar onde os teus cabelos ardiam | 0 | 3.147 | 09/30/2011 - 13:37 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | A noite fala de cansaços | 0 | 1.999 | 09/28/2011 - 11:59 | Portuguese | |
Poesia/Love | Se eu souber | 1 | 2.856 | 09/27/2011 - 01:27 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | A viagem | 0 | 2.552 | 09/25/2011 - 18:47 | Portuguese | |
Poesia/General | Nunca está no ponto | 0 | 1.791 | 09/24/2011 - 22:33 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | Se eu soubesse que doi | 1 | 2.042 | 09/24/2011 - 16:41 | Portuguese | |
Poesia/Love | O amor chega doce | 0 | 2.191 | 09/24/2011 - 16:15 | Portuguese | |
Poesia/General | Cão papel de jornal | 0 | 2.306 | 09/24/2011 - 12:18 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | Cada um escolhe o amor | 2 | 1.712 | 09/23/2011 - 17:07 | Portuguese | |
Poesia/Fantasy | Um passo de amor | 1 | 2.810 | 09/22/2011 - 23:00 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | Bebo de ti | 2 | 2.342 | 09/22/2011 - 22:58 | Portuguese | |
Poesia/Gothic | O abismo da literatura | 0 | 2.256 | 09/22/2011 - 12:11 | Portuguese | |
Poesia/Fantasy | Um passo de amor | 0 | 1.640 | 09/22/2011 - 11:08 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | o sangue dos toiros | 1 | 2.623 | 09/21/2011 - 21:33 | Portuguese | |
Poesia/Fantasy | A flor morreu | 0 | 2.612 | 09/21/2011 - 18:44 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | A lingua dos vagabundos | 0 | 2.573 | 09/21/2011 - 15:14 | Portuguese | |
Poesia/Love | Se tenho o amor | 0 | 2.568 | 09/20/2011 - 18:31 | Portuguese |
Add comment