Morrem no peito Legiões
?
No ciclo eterno das estações, em cada nova reunião
A percepção exacta da palavra, do gesto
Como prolongamento, como extensão da âncora
Fundeada no longínquo mar dos meus ancestrais.
A nítida dimensão onde adormecem os sentidos
A claridade dos dias, a luminosidade das noites
Confinadas aos cantos desta dor
Em demorados rituais, prolongadas penitências.
À luz de outras existências, noutras sangrentas arenas
Tolhidos movimentos, envoltos, por lúgubre manto
Qual pesada lacerna
Na demanda que cruza este avito tempo
Desfaço a alma, contorço o corpo
Esfolo dos pés a pele, em passos sem cáliga
Percorro o vazio da antecâmara até à boca.
Revela-se agora um acústico círculo de vozes em coro
Onde se faz murmúrio e do murmúrio a palavra
E da palavra o cântico, rasgado por gritos
A plena evocação, à alma de todos os corpos
À loucura dos massacres
Ao delírio de todas as dores, num único momento.
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Comments
Um poema forte em imagens e
Um poema forte em imagens e sentimentos,retratado numa expressão artística completa.
E na tua bela poesia,destaco as tuas belas constuções:"Percorro o vazio da antecâmara até à boca."
Um grande abraço
A nítida dimensão onde
A nítida dimensão onde adormecem os sentidos
A claridade dos dias, a luminosidade das noites
Confinadas aos cantos desta dor
Uma bela imagem e, um belo poema ! :)
Atenciosamente,
http://opintordesonhos.blogspot.com