O passado ao fundo da rua


O tempo passa como quem passa rua acima
pelo seio da madrugada.

Sozinho, pensativo,
deixando o passado ao fundo da rua.

Com os dias, o tempo passeia de mãos dadas ao ruído,
com as noites corre em silêncio.

Embalado em tristeza, o tempo é como nevoeiro denso
numa estrada onde a viagem é um já ali longe,
desmesuradamente longe ali.

A visão mingua, a sensação é de algo perdido,
caminhar é nudez à chuva, passo insípido.

Na doença, o tempo é um barco de casco frágil,
maremoto de lágrimas, horas são proas quebradas.

A vida fica um mar revolto onde as ondas
mais parecem rochas que em nós embatem,
como que ponteiros de um relógio em sentido inverso.

No amor, o tempo é o flash de uma passerelle
onde por instantes tudo é eterno.

Tudo não passa de um clarão que nos torna belos.
Olhares, são como que aplausos a imortalizar a juventude.

Na paixão, o tempo é uma erupção de emoções,
um vulcão onde o corpo é terramoto.

Na saudade, o tempo é tempestade, sopro de ansiedade,
aragens de norte beijam-nos o rosto com lábios polares.

Lábios vazios que chegam desnorteados,
mortos de palidez fria, vivos de nada.

Na alegria, o tempo é um pássaro que voa contente
sobre a Primavera que os olhos brotam em flores infindas.
As cores ganham vida, as distâncias movimentam-se até nós.

 

Submited by

Viernes, Mayo 13, 2011 - 04:07

Ministério da Poesia :

Sin votos aún

Henrique

Imagen de Henrique
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 10 años 44 semanas
Integró: 03/07/2008
Posts:
Points: 34815

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of Henrique

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Pensamientos DA POESIA 1 13.943 05/26/2020 - 22:50 Portuguese
Videos/Otros Já viram o Pedro abrunhosa sem óculos? Pois ora aqui o têm. 1 58.744 06/11/2019 - 08:39 Portuguese
Poesia/Tristeza TEUS OLHOS SÃO NADA 1 11.563 03/06/2018 - 20:51 Portuguese
Poesia/Pensamientos ONDE O INFINITO SEJA O PRINCÍPIO 4 14.004 02/28/2018 - 16:42 Portuguese
Poesia/Pensamientos APALPOS INTERMITENTES 0 12.048 02/10/2015 - 21:50 Portuguese
Poesia/Aforismo AQUILO QUE O JUÍZO É 0 14.274 02/03/2015 - 19:08 Portuguese
Poesia/Pensamientos ISENTO DE AMAR 0 10.977 02/02/2015 - 20:08 Portuguese
Poesia/Amor LUME MAIS DO QUE ACESO 0 13.527 02/01/2015 - 21:51 Portuguese
Poesia/Pensamientos PELO TEMPO 0 10.873 01/31/2015 - 20:34 Portuguese
Poesia/Pensamientos DO AMOR 0 11.504 01/30/2015 - 20:48 Portuguese
Poesia/Pensamientos DO SENTIMENTO 0 10.608 01/29/2015 - 21:55 Portuguese
Poesia/Pensamientos DO PENSAMENTO 0 16.337 01/29/2015 - 18:53 Portuguese
Poesia/Pensamientos DO SONHO 0 11.629 01/29/2015 - 00:04 Portuguese
Poesia/Pensamientos DO SILÊNCIO 0 11.084 01/28/2015 - 23:36 Portuguese
Poesia/Pensamientos DA CALMA 0 13.243 01/28/2015 - 20:27 Portuguese
Poesia/Pensamientos REPASTO DE ESQUECIMENTO 0 8.384 01/27/2015 - 21:48 Portuguese
Poesia/Pensamientos MORRER QUE POR DENTRO DA PELE VIVE 0 13.692 01/27/2015 - 15:59 Portuguese
Poesia/Aforismo NENHUMA MULTIDÃO O SERÁ 0 11.799 01/26/2015 - 19:44 Portuguese
Poesia/Pensamientos SILENCIOSA SOMBRA DE SOLIDÃO 0 11.661 01/25/2015 - 21:36 Portuguese
Poesia/Pensamientos MIGALHAS DE SAUDADE 0 11.889 01/22/2015 - 21:32 Portuguese
Poesia/Pensamientos ONDE O AMOR SEMEIA E COLHE A SOLIDÃO 0 9.737 01/21/2015 - 17:00 Portuguese
Poesia/Pensamientos PALAVRAS À LUPA 0 8.684 01/20/2015 - 18:38 Portuguese
Poesia/Pensamientos MADRESSILVA 0 7.993 01/19/2015 - 20:07 Portuguese
Poesia/Pensamientos NA SOLIDÃO 0 12.550 01/17/2015 - 22:32 Portuguese
Poesia/Pensamientos LÁPIS DE SER 0 12.511 01/16/2015 - 19:47 Portuguese