QUEBRAR EM VÍRGULA DESCURVADA


De vidro me faço em caco deslocado,
estilhaço desfocado, opaco.

Quebrar em vírgula descurvada.
A volta de um círculo infechada.

Ir em ponta solta, de pente rente.
Sem volta de repente.

De chão me calço, varrido.
Inverno sem palco, carcomido.

Da pergunta resta o quê, fugidio.
Em palavra defunta, sem pio.

Partícula à deriva pelo vento
do era uma vez amanhã, fera tonta.
Gotícula vera e sã, em galope que me desmonta.

Sou chave debaixo de um tapete mental,
insacudido.

Rugido intemporal, acudido.

Cachecol enroscado ao pescoço do verso, inverso.
Cacho de sol no poço do universo, perverso.

O sei do olhar sai entrada larga, perfurada.
O sei de mim cai na estrada carga perfumada.

Cheiro-me a senão, invés vago.
Abeiro-me do último não, de pés em passo gago.

De mim me faço vida sem bainha,
ponto final sem nó nem tinta.

Do fim me chega a hora sozinha,
o agora em pó que me finta.

É confortável o meu desconforto, a eito torto.
Instável cume de lume absorto, morto.

 

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Miércoles, Junio 1, 2011 - 19:31

Poesia :

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Henrique

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Comentarios

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henrique

mais um poema de excelência.

Beijo

Nanda

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Um poema que deixa

Um poema que deixa tranaparecer uma miscelanea de sentimentos, de emoções, de revoltas, de angustias... um poema intenso e denso.

Facilmante imaginavel ao som de um rap...

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