ADAGAS, FANTASMAS E SILÊNCIO


De face agredida
pelas preferências que não quis escolher,
inocento-me do juízo engrossado de poder ser-me maciço.

Alheio a mas e ses, parto-me
para chegar inteiro a parte incerta, desconhecido.
Conhecido por mim em ruptura comigo, destemido.

O ele da minha segunda cara,
atrapalha-se ver-se em mim ao espelho
que me devolve em bofetada a insónia da aurora.

Em hora de reflexo quebrado,
escondido num mapa de debates mudos.

Mudados para onde vou embora
das suas maquilhagens em brado.

Das mensagens
andadas à roda na tômbola do passado,
o tempo bate o pé ao queixo do rio alucinado na alma.

Trajectória que me alaga
de luares sem remos para remar
por entre a gula dos ramos das árvores
que murmuram o Outono nos meus olhos.

Adaga ensanguentada de nada.

Promessa prometida à pressa
que em mim nada em socorro.

Não sou normal, anseio
os enganos onde me trago inquieto,
breu que trago sem sede obsoleta na consciência.

Estrago o tarde
demorado num lugar acreditado,
desmoronado na rede do erro que me pesca.

Não sou simples,
resigno-me pedra desgovernada
monte abaixo pelas várzeas da vida.

Rebolar utópico,
triângulo em desespero,
sozinho sem tempero, sem mesa posta.

Assim
como os ventos se desentendem
nas esquinas crespas do mar, em aresta
me faço zunzum insatisfeito, de lua doída ao peito.

De sonho desfeito,
forasteiro do meu estado nos pilares do pensar.

Na palavra,
terão sepultura os fantasmas
que o esqueleto do meu silêncio não veste.

 

Submited by

Jueves, Junio 2, 2011 - 00:32

Poesia :

Su voto: Nada (1 vote)

Henrique

Imagen de Henrique
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 10 años 12 semanas
Integró: 03/07/2008
Posts:
Points: 34815

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of Henrique

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Pensamientos DA POESIA 1 10.619 05/26/2020 - 23:50 Portuguese
Videos/Otros Já viram o Pedro abrunhosa sem óculos? Pois ora aqui o têm. 1 54.541 06/11/2019 - 09:39 Portuguese
Poesia/Tristeza TEUS OLHOS SÃO NADA 1 10.245 03/06/2018 - 21:51 Portuguese
Poesia/Pensamientos ONDE O INFINITO SEJA O PRINCÍPIO 4 12.652 02/28/2018 - 17:42 Portuguese
Poesia/Pensamientos APALPOS INTERMITENTES 0 10.960 02/10/2015 - 22:50 Portuguese
Poesia/Aforismo AQUILO QUE O JUÍZO É 0 12.905 02/03/2015 - 20:08 Portuguese
Poesia/Pensamientos ISENTO DE AMAR 0 10.037 02/02/2015 - 21:08 Portuguese
Poesia/Amor LUME MAIS DO QUE ACESO 0 11.457 02/01/2015 - 22:51 Portuguese
Poesia/Pensamientos PELO TEMPO 0 9.205 01/31/2015 - 21:34 Portuguese
Poesia/Pensamientos DO AMOR 0 9.205 01/30/2015 - 21:48 Portuguese
Poesia/Pensamientos DO SENTIMENTO 0 9.128 01/29/2015 - 22:55 Portuguese
Poesia/Pensamientos DO PENSAMENTO 0 11.553 01/29/2015 - 19:53 Portuguese
Poesia/Pensamientos DO SONHO 0 8.616 01/29/2015 - 01:04 Portuguese
Poesia/Pensamientos DO SILÊNCIO 0 9.205 01/29/2015 - 00:36 Portuguese
Poesia/Pensamientos DA CALMA 0 10.203 01/28/2015 - 21:27 Portuguese
Poesia/Pensamientos REPASTO DE ESQUECIMENTO 0 7.338 01/27/2015 - 22:48 Portuguese
Poesia/Pensamientos MORRER QUE POR DENTRO DA PELE VIVE 0 11.819 01/27/2015 - 16:59 Portuguese
Poesia/Aforismo NENHUMA MULTIDÃO O SERÁ 0 9.209 01/26/2015 - 20:44 Portuguese
Poesia/Pensamientos SILENCIOSA SOMBRA DE SOLIDÃO 0 10.013 01/25/2015 - 22:36 Portuguese
Poesia/Pensamientos MIGALHAS DE SAUDADE 0 10.132 01/22/2015 - 22:32 Portuguese
Poesia/Pensamientos ONDE O AMOR SEMEIA E COLHE A SOLIDÃO 0 8.284 01/21/2015 - 18:00 Portuguese
Poesia/Pensamientos PALAVRAS À LUPA 0 7.858 01/20/2015 - 19:38 Portuguese
Poesia/Pensamientos MADRESSILVA 0 7.361 01/19/2015 - 21:07 Portuguese
Poesia/Pensamientos NA SOLIDÃO 0 10.777 01/17/2015 - 23:32 Portuguese
Poesia/Pensamientos LÁPIS DE SER 0 10.868 01/16/2015 - 20:47 Portuguese