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QUAL LOUCO SE NÃO EU PODE FECHAR O SOL NUM BAÚ


Adiado, qual louco se não eu pode
pôr a lua numa lista negra?

Uma lista de berços
pelo chapéu dos contras prós invictos.
Berços sapateados por safiras pululantes na voz.

Chapéus de abas desertas em tecido frio,
adornado com lenços de lágrimas.

Revelação, qual louco se não eu pode
fechar o sol num baú?

Um baú de solidão forrada a escuro.

Escuridões de tristezas ensaboadas
por fogo analgésico que me lava a alma.
Solidões acompanhadas por milhões vazios.

Imperante, qual louco se não eu pode
repintar o azul do céu com cinzentos distantes?

Cinzentos prenhes
de saudades vernáculas de quem está longe.
Saudades onde o meu pulso é cobaia de lâminas
amamentadas por espera.

Cinzentos côncavos sobre uma praia amassada
por boleias sem polegar.

Analogia, qual louco se não eu pode
romper o infinito com desfechos trágicos?

Desfechos aglomerados de sono
em cada esquina do olhar em silêncio.
Esquinas detergentes que matam os germes do tempo.

Tragédias qual rede cace borboletas como eu
derreado ao fim das asas.

Abandonado, qual louco se não eu pode
dar vida à morte com sangues poéticos?

Sangues de veias que fazem teias na palavra por dizer.
Veias de nó dado ao acaso que me ata à selva do sonho.

Teias de cordas humilhadas por estrelas
que cintilam encruzilhadas no meu ermo âmago.

 

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segunda-feira, maio 2, 2011 - 18:49

Poesia :

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Henrique

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