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A arte das sombras aprisionadas - Conto (Excerto)

" Não sei quanto tempo dormi mas lembro-me de acordar com uma bofetada na cara e, nervoso como sou, de olhar para todos os lados à espera de ver alguém. No entanto, estava sozinho e talvez tivesse sido um reflexo nervoso induzido pelas perturbantes sensações que tinha experimentado esta noite, inquietando-me ao ponto de acordar.
Saindo da cama, e como não conseguia ali ficar, abri a porta do quarto e decidi vaguear por corredores iluminados apenas por uma vela aqui e outra acolá. As mesmas fantasias pitorescas de artistas ditos iluminados se espalhavam pelos corredores o que não diminuía o meu nervosismo.
Pensava que a minha deambulação nocturna iria me trazer algum alívio mas uma sensação de pesar tombava na minha alma como se todo o peso do mundo me fosse dado a conhecer. Levado por um feitiço inexplicável, a coragem sendo prova das certezas de outrora e as incertezas que não conhecia, sentia que tinha de avançar, deixar as sombras para trás e conhecer os recantos de uma casa que era tudo menos confortável. Talvez, em algum lugar, estivesse uma forma de conforto, de desapego de toda esta desilusão,
Aproximando-me de uma porta já conhecida, a abri e vi-me na sala onde Alexander pintava os seus quadros. Todos eles me pareciam horríveis com as representações de cenários onde demónios e fantasmas se imiscuíam em tétricas divagações pela anormalidade, orgias irreverentes sem pudor nem piedade pelo que poderia ser beleza. A meu ver, não passavam mais do que figuras maquiavélicas cuja existência era um tombar de misérias e imundas convulsões em meio à luxúria e à violência para onde a vergonha não era chamada.
Para meu horror, chamavam por mim… Diziam o meu nome como se me conhecessem bem… Queriam-me ao seu lado para fustigar a luz com incoerências e indecências, um prémio para a sua desprezível vida onde a moralidade era palavra vã.
Arrepiado por tal encontro, decidi fugir, afastar-me dos seus blasfemos desejos, de toda a dissonância que mostravam querer na minha alma retinir. Não sabia para onde dar os meus passos mas era esta casa, esta hideonda edificação que ultrajava a harmonia e, saindo dela, iria encontrar alivio, um porto de descanso, uma forma de impedir o medo de voltar a me reduzir a mero farrapo.
Desprezíveis lágrimas molhavam-me a face como se o mais ténebre nervosismo quisesse me despir de toda a esperança e apenas deixar o fardo de saber que em todos os recantos haveria algo a temer. Já não me sentia o homem de outrora, quiçá um rato que procurasse fugir de toda e qualquer ameaça, ultrapassar as provas mais difíceis com um aperto na garganta, o coração saltando a todo o momento como se quisesse fugir do corpo.
Já tinham passado alguns minutos e, não sei porque golpe de sorte, a minha atribulada correria levou-me ao jardim. A chuva caía como se desejasse martelar as suas lágrimas o mais fundo possível na terra, grandes buracos sendo vistos espaçadamente. Os relâmpagos e trovões seguiam-se uns aos outros como se não houvesse um outro recanto no mundo onde a tempestade pudesse viver.
Estava sozinho na minha angústia, o desespero sendo a casa mais insensata onde devesse viver. Não parava de correr mas só via árvores e mais árvores, nenhuma estrada que indicasse um caminho que me afastasse ainda mais do meu infortúnio.
De repente, a chuva parou e uns braços me agarraram por detrás… Tentei me afastar mas alguém disse certas palavras que me acalmaram e ali fiquei, estático, à espera…
Comecei a sentir uns beijos no pescoço, uns seios apertando-se cada vez mais contra as minhas costas, as mãos da mulher que me tocava indo do peito até mais abaixo… Senti o roçar das suas mãos no meu membro e o meu desejo a aumentar. Todo o medo parecia cobrir distâncias que já iam longe…
Sendo seduzido em meio às sombras, os nossos beijos e carícias demonstravam um encanto imperceptível a quem não percebia o que era o deleite entre dois corpos que se encontram em meio à riqueza natural de quem vê poesia perante o amor. "

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domingo, março 8, 2009 - 18:36

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Solitudinis

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