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"Sentiam os meus passos na escuridão" - Conto (Excerto)

" Sentia-me deliciado pela montanha de gélidas cores que percorriam a noite, as folhas voando sob um tétrico sentido num linguajar próprio do Outono onde a fome de sorrir já se tinha perdido com o final do Verão que, embora tivesse muito de encanto para adornar a alma singela, nada me dizia.
Considerava-me mais um amante do abismo do que daquele turbilhão multicolor que a Primavera criava e que a estação seguinte pintava com mais luz. Afastar-me do embaraço causado pela poesia de tais terrenos pueris era a minha vontade embora soubesse o quão difícil seria verter as lágrimas da inspiração quando tudo o que via me seduzia a caminhar parado, perdido, estagnado.
Era nas estações mais frias que vigorava o meu olhar, a presença de uma insinuante corte riscando da mente os provérbios de gerações sem empenho em enaltecer a razão e a alma, apenas desenhando contrastes simplórios entre as inglórias conquistas e a palidez existencial.
A pródiga nostalgia firmava o mais belo enaltecer de tudo o que não se conseguia ver perante a mais gloriosa das luzes, essas sendo tão toscas e delirantes que sucumbiam a inteligência a farrapos sem cores a ter qualquer substância a apregoar.
Era o meu humilde serviço ter de riscar desta existência aqueles que não possuíam capacidades para seduzir as palavras a ter mais acção do que as avistadas pela mera comunhão da carne com a realidade. O Universo não precisava de lamentar a sua existência com as falácias de quem não lhe trazia algo de valor!!! A idade, a idiotice, a rústica banalidade eram óbvias atribulações para completar o meu destino…
Eu, como todos os que me conheceram vieram a saber, era a Morte. Um cortejo de infindáveis apetrechos vertendo da minha esquelética mão para levar, àqueles que pretendia adormecidos no leito da eterna obscuridade, a minha magnânima vontade.
Normalmente era à noite que os levava a terminar a sua existência, firmando um contrato permanente com a realidade que comandava, um manto de espectros e inquietas sensações povoando o meu mundo que rivalizava em grandeza com toda a beleza que diziam pertencer a este tão singelo mundo.
Claro que haviam quem me ajudava, meros servos que estavam em todo o lado lembrando a uns e outros que nada havia de os fazer prender à Vida pois, no final de tudo, esta saía vencida. Afinal, podia contar muitas mais vivências no meu reino do que em toda a população que a História poderia enumerar… "

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domingo, março 8, 2009 - 17:32

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Solitudinis

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