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"São asas e o vento..." - Conto Completo

O seu sorriso tinha aquela cor que só se vê nos primeiros raios de sol. Sim, apenas o amanhecer possui o condão de conseguir pintar a magia que lhe ia na alma. Afinal, nem sempre a noite tem os acordes certos para entoar beleza à juventude se esta tiver do seu lado a mais fascinante virtude.
Não sei se ela sabia mas, se calhar, o espelho lembrava-se desses tons que apenas existem em dados momentos do dia. Assim, tornava-se mais polido, distinto, orgulhoso ao saber que, diante de si, estava uma jovem donzela que conseguia ser mais doce que o mel, a harmonia entre o sublime e o maravilhoso, a sensação de que a riqueza tem o direito a surgir.
Segundo o que contava, preferia vaguear pela Natureza e observar as pequenas dádivas e os eloquentes traços que apenas a deusa – mãe soube tão bem desenhar. Não se via pintor ou escultor mais puro e íntimo do que uma piscadela das fadas que voavam por todos os recantos desse verde sem igual e que deixavam os seus beijos, anunciando que a época de regozijo se iniciara. Haveria baile e dança e a jovem donzela seria, uma vez mais, convidada a participar, entoando as notas que tão bem à alma fazem.
Certo é que pouco conhecia do mundo e dos caminhos que poderia trilhar mas nem por isso o romance a afastava pois era bela e a voz só deixava espaço para amar. Se a descrevessem numa só palavra, “anjo” seria a mais apropriada embora logo de seguida haveriam outras que fervilhavam como pérolas inebriantes, a merecida importância de uma das “raras”, um ser com tal fascínio cujo brilho revestia até os segundos em que não estava presente.
Sabendo-se privilegiada, sabendo-se enriquecida pela magia de uma força divina, fazia das folhas o leito de descanso, não fossem os seus pais o mistério, a sedução, a paixão e o amor que lhe permitiram a criação. Ao sonhar, imaginava as respostas a dilemas e construía formas de entusiasmar a solidão ao ponto desta se ver tentada a chamar a harmonia pois seria paz e alegria que ribombaria pela donzela e o seu jovem coração.
Houve um dia em que percorria os campos já floridos e, vendo uma mancha ao longe, deu os passos certos, descobrindo uma ponte nunca antes vista. Estranhando o facto de observar que na outra margem podia ver um verde ainda mais majestoso, atravessou-a. Oh, sim, havia o abismo em baixo, vento e alguma inquietude mas a curiosidade era tanta e a grandeza de outros prados tão cativantes, que a jovem donzela não se deixou intimidar.
Chegando à margem pretendida, depressa ficou maravilhada pois, à sua frente, em meio a uma paisagem de cores e tons de uma nobreza ímpar, viu uma mulher de uma beleza e um sorriso tão doces quanto ela e que, abraçando-a, disse:
“ Neste tão grande jardim sem comparação, nesta caminhada sem sobressaltos nem desilusão, terás asas e voarás, serás anjo e nada temerás e da prosa de outros recantos farás poesia. Aqui, o amor e a paz são eternos e todos os que te querem bem, e que têm um lugar no teu coração, serão velados pelos sonhos em que os fizeres companhia.
Poderão não saber que, com eles, lá estiveste, mas tu saberás e maior será o teu sorriso, maior será o encanto com que brilharás. Quando chegar o momento de atravessarem a ponte, seremos nós a os receber, e aqui conhecerão o horizonte que sempre os escapou. A inocência e a esperança juntar-se-am à liberdade. ”
Sorrindo, a jovem donzela de alívio suspirou e nunca mais a lágrima a sua alma acariciou…

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domingo, abril 5, 2009 - 22:19

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Solitudinis

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