Quase Adeus

Uma nuvem,
traz certo cinza
ao que há dois ou três dias era tão translucido. Era tão claro, era tão certo, era tão bom.

À minha frente vejo nosso retrato e não posso deixar de me perguntar aonde foi parar a plena confiança na felicidade que juntos vivemos. Por que, meras duas horas terminaram o sonho que parecia eterno e o encantamento que sentíamos definitivo?

Como lama viscosa, sinto que me invade pesada angústia. Junto dela, a busca inútil e aflita pela pedra que trincou esse cristal. Fantasmas que antes pareciam conjurados voltam à cena. Impiedosos, mostram que em tudo que ainda tentamos, o brilho é menor. Que a mágica da madrugada começa a ser deflorada pela tirana luz do dia/realidade. Que o encantado instante do amor sem reservas, já se submete ao julgamento da Razão e que a passionalidade começa a ser vencida pela burocracia do questionamento. Que, novamente, sinto escapar o amor que sempre busquei. Que caminho, de novo, para a solidão da cama feita e do sonho desfeito. Que...

Quem dera, eu pudesse acordar desse pesadelo. Ouvir, de novo, “amor” e não esse frio e distante “Fabio”. Quem dera, eu pudesse escutar novamente o riso seguro da minha Estrela e nele saber que ainda há espaço para minha poesia. Que ela ainda está ao meu lado, embora tanto chão nos separe. Quem me dera...

Quem me dará a força que preciso para conservar a certeza de que novas águas haverão de mover outros moinhos, enquanto fertilizam novas tulipas nas margens em que viajamos? Quem me dará força para crer que esse sonho mal haverá de terminar ao fim de cada perdão concedido? E que dele saiamos inteiros e com a ingênua crença que nos permitiu um dia, o direito sonhar?

Submited by

Tuesday, September 20, 2011 - 21:57

Prosas :

No votes yet

fabiovillela

fabiovillela's picture
Offline
Title: Moderador Poesia
Last seen: 9 years 12 weeks ago
Joined: 05/07/2009
Posts:
Points: 6158

Add comment

Login to post comments

other contents of fabiovillela

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia/Sadness A Canção de Alepo 0 8.777 10/01/2016 - 21:17 Portuguese
Poesia/Meditation Nada 0 7.969 07/07/2016 - 15:34 Portuguese
Poesia/Love As Manhãs 0 7.686 07/02/2016 - 13:49 Portuguese
Poesia/General A Ave de Arribação 0 7.693 06/20/2016 - 17:10 Portuguese
Poesia/Love BETH e a REVOLUÇÃO DE VERDADE 0 9.649 06/06/2016 - 18:30 Portuguese
Prosas/Others A Dialética 0 13.572 04/19/2016 - 20:44 Portuguese
Poesia/Disillusion OS FINS 0 8.584 04/17/2016 - 11:28 Portuguese
Poesia/Dedicated O Camareiro 0 11.127 03/16/2016 - 21:28 Portuguese
Poesia/Love O Fim 1 7.916 03/04/2016 - 21:54 Portuguese
Poesia/Love Rio, de 451 Janeiros 1 12.645 03/04/2016 - 21:19 Portuguese
Prosas/Others Rostos e Livros 0 11.825 02/18/2016 - 19:14 Portuguese
Poesia/Love A Nova Enseada 0 7.834 02/17/2016 - 14:52 Portuguese
Poesia/Love O Voo de Papillon 0 7.208 02/02/2016 - 17:43 Portuguese
Poesia/Meditation O Avião 0 8.793 01/24/2016 - 15:25 Portuguese
Poesia/Love Amores e Realejos 0 9.782 01/23/2016 - 15:38 Portuguese
Poesia/Dedicated Os Lusos Poetas 0 7.816 01/17/2016 - 20:16 Portuguese
Poesia/Love O Voo 0 7.674 01/08/2016 - 17:53 Portuguese
Prosas/Others Schopenhauer e o Pessimismo Filosófico 0 15.781 01/07/2016 - 19:31 Portuguese
Poesia/Love Revellion em Copacabana 0 7.284 12/31/2015 - 14:19 Portuguese
Poesia/General Porque é Natal, sejamos Quixotes 0 8.987 12/23/2015 - 17:07 Portuguese
Poesia/General A Cena 0 8.937 12/21/2015 - 12:55 Portuguese
Prosas/Others Jihadismo: contra os Muçulmanos e contra o Ocidente. 0 13.389 12/20/2015 - 18:17 Portuguese
Poesia/Love Os Vazios 0 11.924 12/18/2015 - 19:59 Portuguese
Prosas/Others O impeachment e a Impopularidade Carta aberta ao Senhor Deputado Ivan Valente – Psol. 0 11.079 12/15/2015 - 13:59 Portuguese
Poesia/Love A Hora 0 11.531 12/12/2015 - 15:54 Portuguese