TRANSPARÊNCIA

Transparência

Quem quer ver a minha vida na sua transparência total,

É só espreitar a minha janela, com todo o bem e o mal,

Sem segredos, esconderijos, ou quaisquer esparrelas,

Podem ver tudo o que eu faço, até as coisas feias ou belas.

Dentro da minha casa, eu faço tudo o que me apetece,

Fujo às regras sociais e sei que nada me acontece,

Posso ser bom ou mau e nada tenho a esconder,

A minha vida é transparente, toda a gente pode ver.

A minha janela está sempre aberta, circulam os olhos e o ar,

É como se fosse a rua, toda a gente pode olhar,

Podem ver a minha cama, se durmo nu ou vestido,

Até podem ver a minha liberdade ou se estou de castigo.

Podem ver a minha mesa, se ela é farta ou pobrezinha,

E até podem ver se eu me dou com a vizinha,

Pois nada tenho a esconder cá dentro da minha morada,

É como se fosse um livro aberto, pronta para ser estudada.

Quando olho para a rua, vejo o mundo em roda - viva,

Mas cá dentro da minha casa é outro mundo que se liga,

À vida que dela vejo que é só minha e não oculto,

E por causa da minha vida posso entrar em tumulto.

Quem quer ver a minha vida pode entrar e sair,

Pode levar por contar para maldizer se conseguir,

Levar na ponta da língua ter que dizer ou não,

Como ela é transparente, tenho do meu lado a razão.

Tavira, 11 de Fevereiro de 2009 - Estêvão