A incapacidade monstruosa de se levar algo assim tão a sério

Palavras que se perdem ao vento
Em noites sombrias e dias tenebrosos
Ameaças de monstros noturnos que aparecem nos sonhos
E gárgulas que espreitam silenciosamente do alto das catedrais
Observam os passos trôpegos de ébrios perdidos pelas ruas
E nada há que se possa fazer.

O que se pode dizer de tamanha insensatez
Nos olhos pequenos de crianças indefesas em meio ao tiroteio
Na madrugada fria de uma noite perdida qualquer
Que não se pode fazer muita coisa
Nem mesmo fechar os olhos por causa das barbáries
Que vejo mesmo estando de olhos abertos.

Nem adianta pedir para que me cale diante de tudo isso
Não posso fazer o que deseja sem prejudicar os indefesos
Nem mesmo os ratos dos esgotos estão a salvos de tamanha destruição
Que pode se ver nas noites escuras da cidade.

Eu ando tão devagar que parece não sair do lugar
Onde o sangue mancha as pedras que cobrem o chão
Em vielas abandonadas pelas pessoas e animais peçonhentos
Sanguessugas de uma geração hipócrita e pérfida
Como os dejetos de um banheiro público.

Por mais que tento bradar contra o sistema
Existe uma incapacidade monstruosa de se levar algo assim tão a sério
Que os gritos não se ouvem em ouvidos corrompidos
E os gestos não podem ser vistos por olhos perfurados de egoísmo
Dessa geração que roubam os sonhos e destroem as esperanças.

Parece ser o fim de tudo que um dia foi belo
E nada pode ser feito para mudar a situação avassaladora deste mundo
Nem mesmo os sorrisos são confiáveis
E é preciso esconder o rosto de tantos olhares invejosos
Que espreitam o nosso caminhar sincero.

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

www.odairpoetacacerense.blogspot.com

Submited by

Wednesday, February 3, 2021 - 19:14

Poesia :

No votes yet

Odairjsilva

Odairjsilva's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 23 hours 48 min ago
Joined: 04/07/2009
Posts:
Points: 19468

Add comment

Login to post comments

other contents of Odairjsilva

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia/Love Não há caminho longe de você 7 282 06/20/2025 - 13:48 Portuguese
Poesia/Disillusion É o coração quem paga 7 353 06/19/2025 - 18:27 Portuguese
Poesia/Disillusion Sem o teu sorriso 7 402 06/18/2025 - 23:44 Portuguese
Poesia/Meditation Quando me lembro de mim 7 380 06/18/2025 - 16:45 Portuguese
Poesia/Meditation Quando me isolo 7 547 06/17/2025 - 18:24 Portuguese
Poesia/Thoughts O sentido corrompido 7 738 06/16/2025 - 18:55 Portuguese
Poesia/Joy Cada livro na estante 7 584 06/15/2025 - 14:46 Portuguese
Poesia/Thoughts Um tipo de silêncio 7 1.070 06/14/2025 - 14:55 Portuguese
Poesia/Disillusion A ausência revela 7 513 06/13/2025 - 19:49 Portuguese
Poesia/Intervention Antes do começo 7 1.012 06/12/2025 - 18:41 Portuguese
Poesia/Intervention O silêncio nas engrenagens 7 537 06/11/2025 - 19:04 Portuguese
Poesia/Dedicated É preciso andar devagar em Cáceres 7 648 06/10/2025 - 22:30 Portuguese
Poesia/Meditation Por mil anos 7 541 06/10/2025 - 18:40 Portuguese
Poesia/Intervention De olhos bem fechados 7 491 06/09/2025 - 19:52 Portuguese
Poesia/Disillusion Tão sozinho 7 491 06/08/2025 - 14:58 Portuguese
Poesia/Love O amor não responde perguntas 7 601 06/07/2025 - 21:44 Portuguese
Poesia/Disillusion Não sei dizer adeus 7 639 06/06/2025 - 23:39 Portuguese
Poesia/Meditation Nem tudo é loucura 7 5.364 06/06/2025 - 02:41 Portuguese
Poesia/Passion Suavemente 7 583 06/05/2025 - 22:40 Portuguese
Poesia/Love Quando a noite me leva até você 7 492 06/04/2025 - 18:50 Portuguese
Poesia/Passion Esse amor silencioso que sinto 9 783 06/04/2025 - 18:49 Portuguese
Poesia/Disillusion Estar perdido 7 696 06/02/2025 - 22:25 Portuguese
Poesia/Disillusion Decadência 7 589 06/01/2025 - 14:01 Portuguese
Poesia/Thoughts O eco dos esquecidos 7 1.152 05/30/2025 - 21:52 Portuguese
Poesia/Love Quem ama de novo 7 688 05/29/2025 - 23:13 Portuguese