Mistérios
As cegonhas vieram dos céus azuis profundos
para este complexo esquema de cores incomuns.
O cor-de-rosa dissipa-se rápido
como acordar dos sonhos
dando lugar ao cinzento que os profetas previram,
aquando da sua viagem a bordo de uma agulha,
estendendo a linha do seus corpos numa costura moderna.
.
.
As línguas da lua já falaram comigo mais uma vez,
mas ao contrário das outras vezes
em que as visitei à noite
viajando num comboio de alta velocidade,
não falaram de ti, nem mencionaram sequer o teu nome.
.
.
Estranho nos pés os sapatos colados e não cosidos,
estranho na boca um rebuçado de mentol e eucalipto,
já que nunca pude tocar a tua face com beijos,
nem sequer rodeada de minúsculas borboletas .
.
.
O céu é já mais escuro mas há nele um amarelo suave;
ainda mais que a cor desta casa e deste muro
em que te escrevo, ao vento, o desalento que cresce em mim,
porque as cegonhas beijaram a lua.
- As cegonhas beijaram a lua e roubaram-na de mim!
.
.
Veio agora um morcego visitar-me
com flocos de nuvens nos olhos escuros.
- São os olhos do meu peito atravessado pela espada
radioactiva, que em fuligem se misturam e se juntam
ao luar. Em lume brando aquecem.
Entram em ebulição,
para que as lágrimas que surgem
desapareçam antes que a alma se rasge sem permissão.
.
.
- Para quê falar das cegonhas já pousadas nas árvores,
ou do céu colorido que vai mudando de cor?
A linha que cose os mistérios a cada hora,
não sabe nem saberá nunca...como remendar o amor!
rainbowsky
Submited by
Poesia :
- Login to post comments
- 833 reads
Add comment
other contents of rainbowsky
Topic | Title | Replies | Views |
Last Post![]() |
Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Disillusion | Fantasia III - O meu próximo sentir | 2 | 1.191 | 08/02/2010 - 17:41 | Portuguese | |
Poesia/Disillusion | O brilho dos teus olhos celestes | 2 | 1.427 | 08/02/2010 - 01:31 | Portuguese | |
Poesia/Disillusion | Fantasia II - Respiro a vida | 3 | 1.440 | 07/29/2010 - 17:39 | Portuguese | |
Poesia/Disillusion | Fantasia - O que me resta | 3 | 1.211 | 07/29/2010 - 00:49 | Portuguese | |
Poesia/Disillusion | Copos Vazios | 1 | 935 | 07/23/2010 - 14:13 | Portuguese | |
Poesia/Disillusion | O voo do anjo | 1 | 1.255 | 07/22/2010 - 21:44 | Portuguese | |
Poesia/Sadness | Sombras diversas | 5 | 712 | 07/22/2010 - 17:34 | Portuguese | |
Poesia/Sadness | Desafio Poético - Matas-me quando estamos juntos | 3 | 897 | 07/20/2010 - 19:18 | Portuguese | |
Poesia/Sadness | Na janela do meu peito... | 1 | 1.152 | 07/16/2010 - 11:26 | Portuguese | |
Poesia/Sadness | Palavras Invisíveis | 2 | 1.029 | 07/16/2010 - 09:47 | Portuguese | |
Poesia/Disillusion | Detém-se, fecha as pupilas e vai embora... | 0 | 2.344 | 06/18/2010 - 19:07 | Portuguese | |
Poesia/Sadness | O eco dos teus ecos | 4 | 938 | 06/18/2010 - 18:33 | Portuguese | |
Poesia/Disillusion | De relance vejo a vida... | 3 | 1.067 | 06/18/2010 - 13:26 | Portuguese | |
Poesia/Love | A impressora | 2 | 1.417 | 06/18/2010 - 08:18 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | Esperanças - Duas faces distintas - Parte V | 2 | 1.044 | 06/15/2010 - 22:06 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | A Ministra Librisscriptaest | 3 | 1.214 | 06/15/2010 - 21:59 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | Esperanças - Duas faces distintas - Parte IV | 1 | 1.958 | 06/12/2010 - 17:08 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | Esperanças - Duas faces distintas - Parte III | 2 | 1.769 | 06/11/2010 - 13:09 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | Esperanças - Duas faces distintas - Parte II | 2 | 1.727 | 06/10/2010 - 12:03 | Portuguese | |
Poesia/General | O último suspiro | 3 | 1.216 | 06/08/2010 - 20:40 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | Esperanças - Duas faces distintas - Parte I | 2 | 1.118 | 06/08/2010 - 10:42 | Portuguese | |
Poesia/Disillusion | Este Sal | 1 | 1.463 | 05/31/2010 - 14:01 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | Um instante de princípio e fim... | 2 | 914 | 05/28/2010 - 19:55 | Portuguese | |
Poesia/Acrostic | O banco leve das palavras esquecidas | 2 | 1.249 | 05/26/2010 - 16:29 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | Sonho Terapia III | 1 | 1.302 | 05/26/2010 - 14:35 | Portuguese |
Comments
Re: Mistérios
"Veio agora um morcego visitar-me
com flocos de nuvens nos olhos escuros.
- São os olhos do meu peito atravessado pela espada
radioactiva, que em fuligem se misturam e se juntam
ao luar. Em lume brando aquecem.
Entram em ebulição,
para que as lágrimas que surgem
desapareçam antes que a alma se rasgue sem permissão."
As imagens q desenvolves na minha mente deslumbram-me sempre!
:)))))
Beijinho grande em ti!
Inês
Re: Mistérios
Caro poeta
Verdade, jamais se descobriu ou se descobrirá
uma forma de o amor remendar...Magnífico poema
Parabéns!
Beijinhos no coração
Re: Mistérios
A linha que cose os mistérios a cada hora,
não sabe nem saberá nunca...como remendar o amor!
Excelente Rain, um poema excelente.
Abraço
Nuno