Um morto perdido no tempo.

Faz tempo que não vislumbro uma noite
Como se a mesma fosse somente minha,
A ponto de chegar a ver a suntuosa lua
Como uma íntima e simples luminária gigante.

Faz tempo que não saio a velejar
Deixando o vento me guiar
Como pipa solta no céu
Em tempo de férias escolar.

Faz tempo que não dou de beber ao meu jardim,
Que mesmo sem ser regado continua encantado,
Apesar de ter um dono totalmente desregrado.

Faz tempo que estou sem tempo
Para fazer o que realmente
Gosto de fazer quando estou com tempo.

Faz tempo que não entendo a vida,
Tão insólita, tão corrida,
Tão doidivanas, tão sofrida.

Faz tempo que eu nasci,
Mas parece que foi ontem.
Mas por tanta coisa por fazer,
Parece que eu morri,
E pelo visto não foi hoje.

Quando deixamos de fazer as coisas que realmente gostamos, passamos a morrer aos poucos, pois a vida foi feita para se aproveitar, e quando isto, infelizmente não acontece mais, é porque viramos meros mortos vivos.

http://sentimentocritico.blogspot.com

Submited by

Saturday, August 28, 2010 - 07:12

Poesia :

No votes yet

Brunorico

Brunorico's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 9 years 13 weeks ago
Joined: 03/05/2009
Posts:
Points: 528

Comments

Henrique's picture

Re: Um morto perdido no tempo.

Faz tempo que não dou de beber ao meu jardim,
Que mesmo sem ser regado continua encantado,
Apesar de ter um dono totalmente desregrado.

Bonita revisão da vida!!!

:-)

SuzeteBrainer's picture

Re: Um morto perdido no tempo.

Brunorico,
Mesmo com a sensação de morto vivo,o teu poema é uma força viva que chama,acorda para a beleza do simples viver...
Gostei muito!
:-) suzete.

Add comment

Login to post comments

other contents of Brunorico

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia/Meditation Sei lá! 1 656 03/04/2010 - 19:57 Portuguese
Poesia/General Ao contrário 2 546 03/04/2010 - 19:32 Portuguese
Poesia/Aphorism Forças da natureza. 3 551 03/04/2010 - 17:13 Portuguese
Poesia/General Vidas em rascunhos. 2 721 03/04/2010 - 17:12 Portuguese
Poesia/Poetrix Poetas mortos 2 543 03/04/2010 - 16:31 Portuguese
Poesia/General Quarto escuro 1 653 03/04/2010 - 16:31 Portuguese
Poesia/Love Entre sustenidos e bemóis. 1 646 03/04/2010 - 16:21 Portuguese
Poesia/General Vento ventania. 1 644 03/04/2010 - 15:54 Portuguese
Poesia/Disillusion Agonia! 1 830 03/04/2010 - 15:51 Portuguese
Poesia/General Ciclo da vida. 1 708 03/04/2010 - 15:47 Portuguese
Poesia/Disillusion Confissões de um palhaço. 2 1.420 03/04/2010 - 14:35 Portuguese
Poesia/Poetrix Traidora poesia 1 637 03/04/2010 - 14:33 Portuguese
Poesia/General Pequenos impolutos. 3 495 02/21/2010 - 19:07 Portuguese
Poesia/General Acabou o carnaval. 3 672 02/18/2010 - 18:01 Portuguese
Poesia/Meditation O sábio que vivia só. 3 402 01/16/2010 - 01:11 Portuguese
Poesia/Meditation A luz que me inspira. 2 688 01/11/2010 - 12:48 Portuguese
Poesia/General Fogueira dos poetas. 6 592 12/29/2009 - 23:28 Portuguese
Poesia/General O ilusionista. 3 656 12/26/2009 - 03:14 Portuguese
Poesia/General Efeméride da ilusão. 2 645 12/25/2009 - 13:43 Portuguese
Poesia/Meditation Garatujas mundanas. 3 665 12/14/2009 - 13:04 Portuguese
Poesia/Love A frase que faltou. 4 674 12/13/2009 - 23:06 Portuguese
Poesia/Meditation Anjos da anunciação da vida. 3 645 12/13/2009 - 22:47 Portuguese
Poesia/General Fábrica de cata-ventos. 4 608 12/01/2009 - 01:09 Portuguese
Poesia/General Outro eu. 3 521 11/25/2009 - 18:07 Portuguese
Poesia/Dedicated Desejos e devaneios. 2 692 11/15/2009 - 00:58 Portuguese