Sonhos

É tão belo fechar dentro do meu coração o que dá luz aos meus dias, ao meu olhar. Fechar os olhos e soltar a imaginação. Sonhar. Com uma vida gloriosa, cheia de amor e sucesso, de vitórias e magia. Sempre fui assim desde criança. Era suposto que ao crescer mudasse mas eu continuo igual. Sonhadora e romântica até não mais poder. É o que me alimenta, o que me dá força, o que me torna feliz. São estes sonhos insensatos e persistentes, caprichosos e inocentes, infantis e adoráveis. Porque são meus e ninguém mos pode tirar. Porque tenho esse direito e essa liberdade. Não me posso limitar às batalhas do quotidiano, ao meramente visível quando há um universo inteiro a esconder-se no que sinto. Só tenho de bater à porta e entrar. Os sonhos cedem sempre, nunca ficam amuados comigo por muito tempo; compreendemo-nos um ao outro. Precisamos um do outro. Eu vivo dos sonhos que me fazem fantasiar e sorrir. Serão realidades impossíveis estes sonhos? Por agora são-no, sem dúvida, mas o futuro só a Deus pertence e ninguém sabe se um dia não serão verdades. Porque a vida nasce dos sonhos. Por isso é que fica sem rumo quando eles não existem. A pessoa morre por dentro. É necessário termos esse rumo porque o mundo já nos faz sentir demasiado perdidos, demasiado esquecidos, demasiado vulgares. Como se não fossemos especiais, como se fossemos apenas o que os nossos pais e amigos querem para nós. Nesta vida parece que é preciso merecer até o ar que respiramos, o suor e as lágrimas misturam-se para nos recordar como é doloroso e trabalhoso estar vivo. Sangramos por dentro, os sonhos ferem quando são contidos demasiado tempo dentro de nós. Enlouquecem. E a crueldade humana é por vezes tão grande, tudo se transforma numa selva onde os sonhos desmaiam a favor do dinheiro que nos alimenta. Tudo fica em sombras, tudo fica vazio porque estamos sem o nosso coração. Ele bate mas não o sentimos porque não somos fiéis a ele. De que servem os sonhos? Sem eles a mágoa é apenas mágoa, a chuva não dá lugar ao sol, o mundo não gira e as coisas são planas. Não brilhamos. E é preciso brilhar, acreditar, não pensar que é uma perda de tempo aspirar a subir mais alto. Os meus sonhos são uma das minhas maiores riquezas e não tenho vergonha deles. Se tivesse, teria vergonha de mim mesma e não há nada que eu deva esconder. Sei-o agora: sou digna.

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Sunday, May 24, 2009 - 00:07

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Paulagouveia

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Re: Sonhos

"Os meus sonhos são uma das minhas maiores riquezas e não tenho vergonha deles. Se tivesse, teria vergonha de mim mesma e não há nada que eu deva esconder. Sei-o agora: sou digna."
Excelente pensamento
Adorei
Bjo

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