CINISMO - Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético
CINISMO – é a doutrina ou o ponto de vista e de comportamento de uma Tendência Filosófica que floresceu na época de SOCRATES, em meados do século IV a.C (444/365), criada por ANTÍSTENES, de Atenas, que fazia sua pregação no Ginásio “CINO SARGOS = Mausoléu do Cão”. A primeira parte desse nome, para alguns eruditos, é que deu o nome de “CINICOS” aos seguidores da Escola. Outro ramo de eruditos, porém, sugere que o titulo se relacionaria mais com o comportamento daqueles filósofos que se assemelhava ao dos cães, na medida em que o desprezo que dedicavam aos dogmas da Civilização, uma das bases da doutrina, era idêntico a indiferença com que os animais observam as normas humanas. De fato, o Ideal de vida para os CINICOS consistia em viver na mais completa humildade, o que na Atenas da Época soava como uma afronta, como um insulto, um descaramento. No entanto, os adeptos da Tendência pouco se importavam com a opinião pública, e talvez para afrontá-la voluntariamente, viviam apenas com o estritamente necessário. Como os Cães, comida e água eram o que lhes bastava. A tese central, ou fundamental, do CINISMO era a de que o único fim (ou finalidade) do Homem é ser feliz e por ser a felicidade diretamente vinculada à Virtude (talvez, no caso, à abstinência, à renúncia voluntária), a busca da mesma era primordial. Diziam que “fora da virtude, não existem Bens” e, destarte, desprezavam as comodidades, as riquezas, os luxos etc. E faziam questão de ostentar esse desprendimento de forma radical e até provocativa, pois pregavam a efêmera e tola superficialidade da Matéria e que todos deveriam viver na mesma simplicidade que os animais. É celebre, por exemplo, o diálogo entre o Cínico DIÓGENES e Alexandre Magno, que em resumo deu-se da seguinte maneira: “quando o Imperador perguntou ao filósofo o que ele queria que Alexandre fizesse, Diógenes respondeu-lhe que gostaria que o Conquistador saísse de sua frente para que sua sombra não lhe impedisse o calor do Sol”. Com uma frase, mostrou o completo desprezo aos bens materiais que o Rei pudesse lhe ofertar e deu ciência ao rei da fragilidade de seu poder quando comparado ao poder da Natureza (no caso, o Sol). DIOGENES é uma figura muita citada como o velho que portava uma lanterna em pleno sol de meio-dia, pois queria encontrar um homem honesto; ou, então, por se auto qualificar como um cão e viver dentro de uma barrica. Esse ideal ascético, provavelmente como outras normas filosóficas, foi copiado do Hinduísmo e por pregar valores diferentes aos que eram (e ainda são) cultuados pela absoluta maioria, os CINICOS sofriam restrições de toda ordem e ainda hoje o termo CINICO, por corrupção vernácula e pela tradição herdada, é tido como sinônimo de hipócrita, falso, falsamente desinteressado etc. CIENTIFICISMO – a doutrina pregada por aqueles que possuem (ou por seus admiradores) saberes técnicos, racionais e objetivos e, por isso, julgam-se os donos do “Verdadeiro Conhecimento” acerca da Realidade, considerando, é claro, que essa Realidade é composta ou formada apenas por coisas materiais, físicas. Desnecessário dizer que não admitem a Metafísica ou qualquer outro conceito abstrato (os Sentimentos, por exemplo). É uma classe de Pensadores que se aproxima (se não forem os próprios) dos Materialistas, dos Mecanicistas e assemelhados, cujas doutrinas terminam onde começaria a especulação (o pensar) filosófica das questões superiores que buscam atingir a Essência (o que está por trás das Coisas) dos fatos, dos atos, dos objetos. Embora sempre tenham existido tendências de cunho Materialista, é agora, na Atualidade, que o eco Racionalista (a Supremacia da Razão) do Renascimento ganhou mais força. Para alguns porque, de fato, o notável avanço da Ciência (e, através dele, o do Conhecimento das Leis da Natureza que atingiu seu ápice derrubando mitos, dogmas, superstições e outros Pensamentos abstratos), habilitaria os Cientificistas a exercerem o Governo segundo sua ótica. Outros, porém, vem no Cientificismo a comprovação da imbecialidade geral que não consegue superar os limites impostos pela Matéria e nem se incomoda pelo alcance do mesmo esbarrar na Física, deixando sem resposta (sem sequer estudos) as questões mais profundas. Tome-se como exemplo a seguinte situação: a Medicina consegue prolongar artificialmente a vida, mas não consegue responder: o quê é a Vida? Polêmicas à parte, vê-se o Cientificismo ser regulado por três normas, ou “artigos de fé (isto é, dignos de completa crença)”: A Ciência é o único Saber Verdadeiro, portanto é o melhor. A ciência é capaz de responder a todas as questões teóricas e de resolver todos os problemas práticos, desde que as perguntas sobre os mesmos sejam formuladas de modo claro e perfeito. É extremamente desejável (se não necessário) e francamente legitimo que o Poder de gerenciar as Coisas Humanas seja dado aos Cientistas e aos técnicos, pois se somente eles têm as respostas, apenas eles serão capazes de governar e ditar as Leis que regulem a Moral, a Ética, a Educação, a Política e todos os outros assuntos da coletividade.
Submited by
Prosas :
- Login to post comments
- 10473 reads
Add comment
other contents of fabiovillela
Topic | Title | Replies | Views |
Last Post![]() |
Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Love | Tua | 2 | 3.169 | 11/10/2009 - 01:38 | Portuguese | |
Poesia/Love | Amor na Maturidade | 5 | 4.501 | 11/09/2009 - 04:56 | Portuguese | |
Poesia/Love | Ausente | 3 | 3.781 | 11/08/2009 - 22:49 | Portuguese | |
Poesia/Love | Chuva | 3 | 3.161 | 11/06/2009 - 23:58 | Portuguese | |
Poesia/Sonnet | A Autora | 3 | 4.599 | 11/05/2009 - 01:31 | Portuguese | |
Poesia/Sonnet | Lilian | 3 | 4.028 | 11/04/2009 - 13:44 | Portuguese | |
Poesia/Sadness | Dia dos Finados | 2 | 4.737 | 11/03/2009 - 03:24 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | Poetas do Amapá | 3 | 3.372 | 11/02/2009 - 05:32 | Portuguese | |
Poesia/General | Manhã de Domingo | 2 | 2.776 | 11/02/2009 - 04:41 | Portuguese | |
Poesia/Love | Fotografia | 3 | 3.598 | 11/01/2009 - 02:07 | Portuguese | |
Poesia/Sonnet | Pecado | 3 | 3.607 | 10/31/2009 - 04:01 | Portuguese | |
Poesia/General | Lógica | 2 | 2.760 | 10/29/2009 - 20:59 | Portuguese | |
Poesia/Sadness | E pensar | 2 | 2.562 | 10/26/2009 - 00:09 | Portuguese | |
Poesia/Sonnet | Princesa Anastasia | 2 | 2.422 | 10/24/2009 - 03:48 | Portuguese | |
Prosas/Others | ARISTOTELISMO - Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético | 1 | 6.310 | 10/19/2009 - 04:22 | Portuguese | |
Prosas/Others | ASCETISMO - Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético | 1 | 4.753 | 10/18/2009 - 23:00 | Portuguese | |
Poesia/General | Fado | 2 | 3.448 | 10/17/2009 - 02:36 | Portuguese | |
Poesia/General | Relativo Absoluto | 1 | 3.863 | 10/15/2009 - 18:32 | Portuguese | |
Poesia/Sonnet | Noêmia e Agmon | 2 | 3.706 | 10/14/2009 - 19:03 | Portuguese | |
Poesia/General | Maiakóvski | 3 | 3.665 | 10/10/2009 - 16:11 | Portuguese | |
Poesia/General | Noites | 4 | 2.885 | 10/07/2009 - 19:30 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | O Menino | 2 | 1.399 | 10/05/2009 - 20:20 | Portuguese | |
Poesia/Sadness | Frio | 2 | 3.044 | 10/03/2009 - 15:21 | Portuguese | |
Poesia/Sadness | O menino e o berimbau | 2 | 2.737 | 09/29/2009 - 16:28 | Portuguese | |
Poesia/General | Dúvidas | 1 | 3.124 | 09/27/2009 - 23:40 | Portuguese |
Comments
Re: Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético
Gostei muito.
Parabéns.
Um abraço,
REF