LUGAR DE LÍNGUAS EM NÓ

Decididamente tanga
o raio-X que me faço em colapso.

Alojo na sombra o caos da boca,
sepulcros de salivas em rio como tela em branco.

Beijo dado em espectro,
ravina mendiga de tempo em êxtase.

Dente em cio,
escaravelho como mão fisgada
ao umbigo de uma musa desconjuntada no horizonte.

Ventre de ai caído,
cintilado ui no olho de um copo de noites.

Lasca tombada
sobre o estômago da utopia qual lobo
se vertesse vegetariano nas orelhas de um veado.

Gárgula em abismo,
lugar de línguas em nó,
orgia de serpentes enroladas ao mar.

Novelo de pecado,
corpos em lareira de bofetadas.

O sofrer como esquina dos dedos,
fonte de cabelo despenteado pelo acaso em pente.

Curva em recta,
alvo em ponte de setas arqueadas
à cauda de uma porta interdita aos deuses.

Lua escorreita,
estreita circunferência de azeites sem calorias
na barriga de uma canção esfomeada de tímpanos.

Encruzilhada de narizes
que não foram convocados
ao urinol virgem do óbito do Olimpo.