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Se fosse um rebento...

Observo o quadro natural que se ergue perante os olhos, admiro a simplicidade do seu existir. Pergunto-me quantos antes de mim pararam, extasiados pelo movimento ondulante das folhas em suas copas majestosas. Árvores imponentes se afirmaram em terreno fértil, surgiram de frágeis rebentos, criaram raízes nas histórias dos homens.

Observo a superfície que oculta as suas densas raízes, vejo como o solo fervilha de vida e imagino-me como parte daquele todo!

A minha natureza insegura, marcada por ferimentos que não se curam, turva-me o reflexo daquele quadro. Agita-me as águas subterrâneas, já por si tumultuosas, fazendo emergir questões em catadupa:

_ Se fosse um rebento, a sombra das grandes árvores serviria de protecção?

_ Teriam essas árvores o desejo de me privarem dos raios alimentares?

_ Se fosse um daqueles rebentos teria espaço para crescer?

_ Poderia, na minha frágil existência, almejar espalhar as minhas raízes?

Fixar raízes… Algo dentro de mim impele-me a levantar a âncora. Dificilmente, as minhas raízes se fixariam, ainda que em terreno fértil, isto é, se fosse um rebento. Como sou, imagino-me à deriva carregada no abraço forte do vento, tocando o chão apenas pelo tempo suficiente, necessário a uma alimentação de subsistência.

Há vidas assim… Não se fixam e não se deixam tocar.

Sei que, se fosse um rebento, gostaria de espreguiçar as minhas raízes, lançando-as no mundo, abraçando todas as direcções. Cresceria, verticalmente, no centro da rede e majestosa abriria os múltiplos braços, convidando a vida a construir ninhos por entre os meus cabelos. O vento não me faria tremer, ainda que rodopiasse, agitando ou até arrancando algumas folhas. Sorriria, ao vê-lo carregar uma trança do meu cabelo!

Logo, quando pequenos bicos reclamarem alimento, verei, nos espelhos d’água, como fico bela ornamentada por flores… Amores… Uns produzirão frutos suculentos, outros apenas sangrarão nos espinhos ocultos.

Perguntem-me porque a beleza necessita de espinhos… Eu vos direi que a formosura se reveste de saliências agudas para sua própria protecção. Por outro lado, a verdadeira perfeição obriga-nos a carregar as farpas que retiramos de outro alguém… Alívio de uns, martírio de outros.

Se fosse um rebento também procuraria transformar as impurezas em algo melhor, algo que pudesse libertar. Não sei se concordam comigo, mas julgo que só devemos dar ao mundo a melhor parte nós. O restante deve descer ao subsolo e deixar-se doutrinar pelas raízes, convertendo paz em alimento e alimento em vida. Só assim, poderemos ascender e abrir aos céus os braços sem qualquer receio.

Amores… Uns produzirão frutos suculentos, outros apenas sangrarão nos espinhos ocultos.

Observo o quadro natural que se ergue perante os olhos, admiro a simplicidade do seu existir. Pergunto-me quantos antes de mim pararam, extasiados, perante a magnitude de tão majestosas árvores, surgidas em terreno fértil e que um dia foram tão frágeis rebentos…

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quinta-feira, julho 7, 2011 - 21:45

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Ema Moura

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